Um ministério específico na estrutura da Igreja, com vocação própria e missão bem definida: o serviço da caridade. Em linhas gerais, é assim que pode ser delineada a identidade do diaconato permanente.
E é também exatamente esse o tema da 9ª Assembleia Geral da Comissão Nacional dos Diáconos (CND) – “A identidade do ser diaconal, a Palavra de Deus gerando comunhão”, com o lema “Um só corpo, um só Espírito, uma só esperança” (tirado da carta de São Paulo aos Efésios). O encontro começou na quinta-feira, 7, e segue até domingo, 10.
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Segundo o assessor de comunicação da CND, diácono José Carlos Pascoal, um dos grandes desafios é viver as três dimensões do diaconato equilibradamente – Palavra, Liturgia e Caridade. “A inserção necessária do diácono na dimensão social da Igreja fica muito clara na Ordenação. No entanto, muitas vezes, por necessidades paroquiais e outras razões, a Liturgia acaba se sobressaindo quase que por completo”, explica.
Além disso, também é preciso encontrar vias adequadas para testemunhar no mundo e em todos os ambientes a identidade do ser diácono, servidor de Jesus. “As paróquias visam muito mais as celebrações, os Sacramentos. No entanto, os frutos começam a aparecer – diversas dioceses estão investindo no diaconato como base para a assistência social, como nas Cáritas e Pastorais Sociais”, complementa o diácono.
O presidente da Comissão, diácono Odélcio Callingaris Gomes da Costa, recorda que o Diaconato Permanente esteve presente no começo da Igreja, foi interrompido durante muitos séculos e resgatado durante o Concílio Vaticano II.
“A grande novidade é que o diácono deve viver plena, intensa e equilibradamente os dois Sacramentos – o da Ordem e o do Matrimônio. Para isso, é preciso administrar bem o tempo, ter sensibilidade para perceber as situações de injustiça em que o ministério precisa acontecer. Não somos ordenados para o sacerdócio, mas para sermos servos, seguidores de Cristo, na prática da caridade”, analisa.
Crescimento
Há cerca de 2500 diáconos permanentes em atividade hoje no Brasil. O número de candidatos também é expressivo – chega a 1500, segundo o assessor de comunicação da CND. O boom de crescimento aconteceu especialmente nos últimos 10 anos.
“Esse aumento deve-se especialmente ao despertar da dimensão específica deste serviço e a divulgação do diaconato como ministro ordenado – não um mini padre, sacristão privilegiado ou leigo promovido. Diaconato é uma vocação, com ministério próprio, que não é o do leigo e nem o do padre. É seu, específico”, enfatiza o diácono Pascoal.
A Assembleia
São esperadas 300 pessoas, entre diáconos, esposas de diáconos, candidatos ao diaconato, padres e bispos. O atual presidente da CND, diácono Odélcio Callingaris Gomes da Costa, preside os trabalhos. O Arcebispo de Teresina (PI) e referencial para os Diáconos do Brasil, Dom Sérgio da Rocha, também acompanhará a reunião.
Nesta assembleia, os diáconos estudam alterações no Estatuto Canônico e Civil da CND e a atualização das Diretrizes para o Diaconato Permanente (Doc. 74 da CNBB). Outro tema em debate é a preparação para o II Congresso Latino-americano e Caribenho do Diaconato Permanente, que acontece em Itaici no próximo mês. A pauta inclui ainda a eleição da nova diretoria da CND para o quadriênio 2011-2015.
A 49ª Assembleia Geral da CNBB – que acontece de 4 a 12 de maio – incluiu a revisão das Diretrizes do Diaconato Permanente entre os temas prioritários.
“Não é um novo documento, mas uma remodelação, atualização do que já existe e acaba ficando defasado devido às necessidades próprias da dinâmica da Igreja no Brasil. Consideramos essa inclusão muito positiva, pois é não comente um reconhecimento, mas também atualização do modo como o episcopado vê o diaconato. Alguns bispos eram contra ou não achavam interessante, mas agora redescobrem a missão específica desse serviço”, afirma o diácono Pascoal.
Fonte: Canção Nova