Durante a visita pastoral à Paróquia São João Bosco, em Caetés, no município de Abreu e Lima, foi reservado um momento na programação do domingo (24) para 
conversar com as crianças da catequese para a Primeira Eucaristia. Uma “fila do povo” foi organizada, para que as crianças fizessem perguntas aos bispos e padres. As respostas foram dadas com muita paciência, simpatia, simplicidade e cuidado, de forma que as crianças compreendessem o conteúdo e ficassem satisfeitas com as explicações.
“A curiosidade da criança vem da inocência e da pureza; nada mais edificante que interagir com esses anjos de Deus, ajudando-os na construção de seu espírito de família cristã”, comentou o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido.
O bispo auxiliar da Arquidiocese, dom Antônio Tourinho, lembrou que o próprio Jesus disse que precisamos ser como crianças – puras – para entrarmos no céu. “Como pastores, ouvir as crianças e conversar com elas é um exercício para purificarmos também o nosso coração; é uma bênção participar deste momento”, afirmou.
Acompanhe a entrevista feita pelas crianças. As respostas foram dadas pelo arcebispo dom Fernando Saburido; pelo bispo auxiliar dom Antônio Tourinho; pelo vigário episcopal do Vicariato Igarassu, padre Sandro Corazza; e pelo coordenador arquidiocesano de pastorais, padre Josenildo Tavares.
- Qual a diferença entre bispo e arcebispo?
Dom Fernando – Os dois são bispos. A diferença é que o bispo é responsável por uma diocese e o arcebispo é responsável por uma arquidiocese. Caetés está na Arquidiocese de Olinda e Recife. Como eu sou responsável pela arquidiocese, eu sou arcebispo.
- Por que Maria escolheu aquelas três crianças pastoras para conversar com ela?
Dom Tourinho – Porque elas eram simples e humildes; porque eram crianças indefesas; e porque tinham coração puro. Nossa Senhora apareceu em Portugal para os pequenos pastores Lúcia, Francisco e Jacinta.
- Como se reza uma missa num país estrangeiro?
Dom Tourinho – Do mesmo jeito que rezamos a missa no Brasil. No mundo inteiro, a liturgia é a mesma. Se um de vocês viajar para a China, para a Itália ou para os Estados Unidos, mesmo que tenha dificuldade com a língua, vai entender e participar direitinho, porque já conhece a liturgia, as partes da missa.
- Por que o senhor quis ser bispo?
Dom Fernando – O meu desejo era ser padre; isso eu escolhi. Mas quem me escolheu para bispo foi a Igreja. Ser bispo não é uma escolha nossa. Eu quase caí para trás quando recebi a carta dizendo que havia sido escolhido para ser bispo. No início eu me assustei com a responsabilidade, mas depois fiquei feliz.
- Quantas homens de sua família são padres?
Dom Fernando – Eu tive dois primos padres como eu. Um é dom Marcos, monge beneditino que mora em Olinda. O outro primo padre morava no Rio de Janeiro e já faleceu.
- Por que Jesus chamava Maria de mulher e não de mãe?
Padre Josenildo – Não era desmerecendo a mãe dele ou faltando com respeito. Ele usava essa expressão porque Maria, com seu “sim” a Deus, se tornou a “nova mulher”. A primeira mulher era Eva, que se perdeu com o pecado. Maria era a nova referência de mulher para Jesus e para o mundo. Ele chamou Maria de “mulher” nas bodas de Caná, antes de transformar a água em vinho, e também do alto da cruz.
- Qual é a parte da missa que o senhor mais gosta?
Dom Fernando – A missa é um conjunto, tudo é importante. Mas se eu pudesse escolher, eu diria que é o momento da consagração, quando eu, homem, me assemelho a Jesus Cristo e transformo pão e vinho no seu corpo e sangue, para oferece-lo à comunidade.
- A bíblia diz que o homem deve crescer, se multiplicar e constituir família. Então por que o padre não pode casar?
Padre Josenildo – A Igreja valoriza o sacramento do matrimônio. É uma vocação bonita, importantíssima. Mas Jesus também faz chamados para outras vocações, como a do sacerdócio. Quando Ele chama para tomar a cruz e segui-lo, quando diz para largar tudo e segui-lo. A Igreja não me obrigou a ser padre; foi vontade minha. E para ser padre nós precisamos estar totalmente disponíveis para o trabalho na comunidade. Posso dizer que tenho 50 mil filhos, que são as pessoas da Paróquia das Graças, onde sou pároco.
- Como é que Noé conseguiu escutar a voz de Deus?
Padre Sandro – A gente não estava lá, mas acredita que Noé era um homem puro e tinha essa disponibilidade para ouvir Deus. Quando a gente escuta a nossa consciência, ouve a voz de Deus. Precisamos nos esforçar para viver corretamente, termos a consciência tranquila e reservar espaço para as coisas de Deus em nossas vidas.
- Você gostou de ser bispo?
Dom Fernando – Eu disse que não queria ser bispo porque eu queria ser padre mesmo. Mas já que entrei na dança, eu gosto. Estou perseverando e quero ser um bom bispo até o fim.
Pascom AOR
