A Província Nossa Senhora da Penha do Nordeste do Brasil e os frades Capuchinhos convidam os fiéis para um dia de devoção à Santa Rita de Cássia, na próxima segunda-feira, 22/05. A igreja em honra à santa das causas impossíveis, no bairro de São José, região central do Recife, faz parte da paróquia da Basílica de Nossa Senhora da Penha, tendo como pároco o frei Luís de França Fernandes, também reitor da basílica. O templo data de 1784 e localiza-se no centro do comércio recifense, atraindo muitos fiéis devotos que encontram em Santa Rita de Cássia um modelo de obediência e de intercessão poderosa. No dia 17/05 (19h30), dom Fernando Saburido, arcebispo de Olinda e Recife celebrará missa na festa de Santa Rita, na paróquia de São José, em Casa Caiada, Olinda.
A programação da festa terá início às 06h30, com procissão e santa missa, celebrada por dom frei Severino Batista de França, vigário geral da Arquidiocese de Olinda e Recife e bispo emérito de Nazaré. Às 10h, o frei Cícero Ferreira celebrará a santa missa e às 13h, o frei Igor Campos celebrará a santa missa. Para encerrar os festejos, o pároco frei Luís de França Fernandes presidirá a santa missa, às 16h.
História da igreja de Santa Rita de Cássia no Recife – No dia 19 de abril de 1726, na capela de Nossa Senhora do Terço, foi instalada uma Irmandade, sob a proteção de Santa Rita de Cássia, santa esta cuja imagem era considerada milagrosa. Grandes devotos daquela santa, os irmãos da ordem de Santa Rita de Cássia recorreram a José César de Menezes, capitão-general e governador de Pernambuco, a fim de obterem um terreno para a construção da igreja. A solicitação foi atendida por José Marques do Vale, sargento-mor da capitania de Pernambuco e um abastado colono.
Objetivando investir na construção do templo, José Marques do Vale fez uma doação, no dia 12 de abril de 1783, de um grande terreno, na rua da Praia dos Coqueiros, no bairro de São José (rua que é chamada, hoje, de Santa Rita).
Além da permissão para serem enterrados naquele templo, a única exigência feita pelos doadores (no caso, incluía também a esposa de José Marques) foi a de que pusessem, no altar-mor, as imagens de São José e de Nossa Senhora da Conceição.
A Irmandade de Santa Rita de Cássia acatou tal solicitação e, no dia 17 de dezembro de 1783, a pedra fundamental foi lançada no templo. Naquela ocasião, o patrimônio da Irmandade constava, somente, de uma casa térrea, situada na rua Nova, no valor de duzentos mil réis, cujo rendimento anual era o de cento e cinqüenta mil réis. Apesar do reduzido patrimônio, este foi considerado satisfatório para o bispado.
No ano seguinte, o patrimônio da Irmandade aumentou, com a doação de uma casa, situada na mesma rua (da Praia dos Coqueiros), feita por Antônio Vieira Cardoso e por sua esposa, Josefa Maria de Sousa. Com o novo auxílio, as obras da igreja puderam ser concluídas em 1784.
Gerou-se um grande ciúme, entretanto, em relação à proteção que o novo templo estava recebendo, por parte da irmandade mantenedora da Capela de Nossa Senhora do Terço. Neste sentido, proibiu-se a retirada da imagem de Nossa Senhora de Cássia daquela igreja. Os irmãos não tiveram outra alternativa senão a de adquirir uma nova imagem da santa.
A Irmandade de Santa Rita de Cássia, em agradecimento ao governador José César de Menezes, mandou gravar as armas daquele capitão-general no átrio da capela-mor. E, em 1790, de acordo com a exigência feita pelo doador do terreno do templo, foram bentas e depositadas em seus altares as imagens de São José e de Nossa Senhora da Conceição; bem como mais duas imagens: São Caetano e do Coração de Jesus. A torre e os últimos detalhes da fachada, por sua vez, só puderam ser concluídos em 1831. O responsável pela pintura dos painéis internos da igreja, foi o artista Sebastião Canuto da Silva Tavares. Vê-se, também, sobre a porta principal, um emblema com cruz e cordeiro.
O templo foi reformado entre 1868 e 1870; depois, em 1889, após a ocorrência de um grande incêndio. As imagens do templo foram recolhidas na Igreja de São José do Ribamar. Como por milagre, a imagem de Santa Rita de Cássia, que estava presente na capela-mor, saiu ilesa do incêndio, contribuindo para aumentar, ainda mais, a fé de todos os seus devotos.
(Fonte: site Fundação Joaquim Nabuco/Fundaj)
Santa Rita de Cássia, o cálice da obediência – A obediência é uma das virtudes mais difíceis de serem praticadas, pois obedecer significa contrariar a própria vontade para fazer a de outrem, mortificando de modo especial a natureza humana, que recebeu de Deus a liberdade.
A História nos revela inúmeros belos exemplos de obediência. O mais sublime, sem dúvida, é o de Jesus, o qual, para redimir o gênero humano, “fez-se obediente até a morte, e morte de cruz”.
Abaixo do Salvador, o mais excelso modelo de obediência é Maria Santíssima, a perfeita discípula de seu Filho Divino, nesta como em todas as outras virtudes.
Convido o leitor a passear comigo, neste artigo, pela vida de uma santa que sorveu desde menina o cálice da obediência, seguindo o exemplo supremo de Jesus e excelso de Maria: Santa Rita de Cássia.
Sua festa se celebra no dia 22 de maio. Ela é invocada especialmente como protetora das causas impossíveis, pelo motivo que o leitor verá adiante.
Menina privilegiada
Embora já de avançada idade, Antonio Mancini e sua esposa, Amanta, não cessavam de rogar a Deus, confiante e insistentemente, a bênção de terem um filho que lhes alegrasse o lar. Viviam eles na pequena aldeia de Rocca Porena, em Cássia, na Úmbria. Para atender às preces desse piedoso casal, realizou Deus o primeiro “impossível” da vida de Santa Rita: seu nascimento no dia 22 de maio de 1381.
Era uma encantadora menina. E desde sua mais tenra idade, a Divina Providência começou a manifestar especiais desígnios a seu respeito. Segundo narra uma tradição, enquanto ela dormia na cestinha que lhe servia de berço, com freqüência apareciam umas raras abelhas brancas que esvoaçavam em torno dela e depositavam suavemente mel em seus lábios, sem feri-la ou despertá-la. Um dos camponeses vizinhos, presenciando a cena por primeira vez, quis afastar os insetos com a mão aleijada que tinha. No mesmo instante sua mão ficou curada.
Depois da morte de Santa Rita, essas mesmas abelhas brancas começaram a aparecer anualmente no mosteiro das agostinianas, onde ela passou os últimos anos de sua vida. Lá chegavam na Semana Santa e permaneciam até o dia 22 de maio. Depois se retiravam, para retornarem na Semana Santa seguinte. Até hoje podem ser vistos pelos peregrinos os buraquinhos feitos por elas nas paredes do mosteiro.
Infância marcada pela piedade e obediência
Desde pequena, demonstrava Rita grande inclinação para a piedade. Seus pais, apesar de não saberem ler nem escrever, ensinaram-lhe o Catecismo e a história de Jesus. Dedicava-se com grande gosto à oração, meditava sempre sobre a Paixão de Nosso Senhor. Não sabia ler nem escrever. Entretanto, “lia” continuamente o mais magnífico de todos os livros: o Crucifixo.
Além de ser especialmente devota de Nossa Senhora, escolheu como padroeiros São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau de Tolentino. Procurava abster-se de brinquedos e travessuras próprias à idade infantil, como mortificação para consolar a Jesus Crucificado.
O maior anseio de sua alma era ser religiosa. Exatamente neste ponto, exigiu dela a Providência um enorme ato de obediência, aceitando um estado de vida oposto ao chamado religioso que sentia na alma. Com apenas 12 anos de idade, foi obrigada pelos pais a contrair matrimônio com o noivo por eles escolhido, chamado Paulo Ferdinando.
Sofrimentos na família
O marido logo revelou-se um homem agressivo, de mau gênio, beberrão e dissoluto, o que fazia Rita sofrer tremendamente. Ela, entretanto, não só lhe foi sempre fiel, como também suportou tudo isso com extrema paciência, durante 18 anos, sempre rezando e oferecendo esta espécie de martírio pela conversão dos pecadores, sobretudo de seu detestável marido.
E mais uma vez o “impossível” se realizou na vida dessa mulher exemplar. Teve ela, afinal, a alegria de ver o esposo converter-se e pedir-lhe perdão por todos os maus tratos e pela vida devassa que havia levado. Quão oportuna foi esta conversão! Pouco tempo depois de reconciliar-se com Deus, pelo Sacramento da confissão, Paulo Ferdinando foi assassinado por alguns dos maus companheiros que tivera.
Os filhos do casal, dois gêmeos, então com 14 anos, juraram vingar a morte do pai. Vendo Santa Rita quanto os filhos haviam herdado as más tendências do pai, e temendo pelo destino eterno dos dois, dirigiu a Deus uma súplica: preferia ver seus filhos mortos a seguirem o caminho da perdição. Logo demonstrou o Pai de Misericórdia seu comprazimento com essa súplica de uma mãe verdadeiramente católica. Em menos de um ano, os dois ficaram doentes e faleceram, perdoando os assassinos de Paulo Ferdinando.
Entrada na vida religiosa
Viúva, sem filhos, livre de tudo que poderia atá-la ao mundo, Rita desejava fazer-se religiosa. Pediu para ser aceita no mosteiro das freiras agostinianas de Cássia, onde sempre quisera ter estado. Mas — oh decepção! — a superiora lhe disse que infelizmente não podiam aceitar viúvas na congregação, a qual era destinada apenas a virgens.
Imagine-se sua desilusão e tristeza ao voltar para casa!… Mas ela era uma mulher santa. Enquanto tal, em vez de deixar-se abater ou desanimar, decidiu seguir com mais ardor ainda do que antes sua vida de oração e penitência.
Acorreram em seu auxílio seus padroeiros, Santo Agostinho, São João Batista e São Nicolau de Tolentino, obtendo da Medianeira de todas as graças a realização de mais um “impossível” em favor de sua protegida.
Conta-se que numa noite, estando ela imersa em oração, apareceram-lhe estes três Santos e convidaram-na a segui-los. Em êxtase, ela os acompanhou. Quando voltou a si, estava dentro do mosteiro das agostinianas. Havia entrado lá milagrosamente, pois todas as portas e janelas encontravam-se perfeitamente fechadas.
Na manhã seguinte, a madre superiora reconheceu nesse prodigioso fato uma clara indicação da vontade divina e decidiu acolher Rita como noviça nessa santa congregação.
Obediência recompensada pelo milagre
Já revestida do hábito, a nova religiosa foi um exemplo de virtude para todas as suas irmãs de vocação.
Dos três votos da religião, aquele em que mais se esmerava era o de obediência, fazendo sempre a vontade das outras em tudo, até mesmo no que poderia parecer ridículo e insensato. Por exemplo, a superiora mandou-lhe regar todos os dias uma parreira que já estava seca e morta. A obediente freira cumpriu rigorosamente a ordem durante um ano. Uma vez mais o que parecia impossível se realizou: do tronco morto brotaram sarmentos que cresceram e produziram flores e frutos! Existe ainda essa “videira de Santa Rita”, que produz uvas de um sabor especial, as quais amadurecem em novembro.
Partícipe das dores de Jesus coroado de espinhos
Durante a Quaresma de 1443, o grande pregador Santiago de Monte Brandone fez em Cássia um magnífico sermão sobre a Paixão de Jesus, destacando sobretudo o episódio da coroação de espinhos. Depois de ouvir esse sermão, Santa Rita sentiu-se tomada do desejo de participar dos sofrimentos de Nosso Senhor nesse lance de sua Paixão.
Rezando diante de seu crucifixo, viu espargir-se dele suavemente uma luz, e um espinho desprender-se da coroa e cravar-se em sua fronte, provocando-lhe uma ferida que a fez sofrer durante seus últimos 15 anos de vida. Além de exalar mau odor, essa provocava-lhe muitas enfermidades. Assim, teve ela atendido deu desejo de ser verdadeiramente partícipe das dores de Jesus coroado de espinhos.
Morte santa, a recompensa
Santa Rita teve uma morte santa, sendo obediente à vontade de Deus até o fim.
Estando já muito enferma, pediu a Jesus um sinal de que seus filhos estavam no Céu. Em meio a um rigoroso inverno, recebeu uma rosa colhida no jardim de sua antiga casa, em Rocca Porena… Pediu um segundo sinal e, no fim do inverno, recebeu um figo, também de seu jardim. Com a realização desses dois “impossíveis”, Deus, por assim dizer, mostra seu comprazimento em que essa grande Santa seja invocada como a “Advogada dos impossíveis”.
No dia 22 de maio de 1457, voou para o Céu a bela alma de Santa Rita.
A chaga de sua fronte transformou-se em uma mancha vermelha como um rubi, de onde se exalava uma agradável fragrância. Sua cela ficou iluminada por uma luz celestial e os sinos, sozinhos, repicaram num toque de júbilo e glória.
Foi velada na igreja, aonde acorreu uma multidão de pessoas para vê-la e venerá-la. De seu santo corpo emanava um tal perfume que nunca foi enterrado. Permanece incorrupto até hoje, exposto à veneração dos fiéis no convento de Cássia. (Fonte: Revista Arautos do Evangelho)
A igreja de Santa Rita de Cássia localiza-se na rua de Santa Rita, 195, bairro São José, Recife. Telefone: 3224-5511.