No último domingo, dia 08 de dezembro, milhares de fiéis do Recife e região subiram o Morro da Conceição, zona norte da capital pernambucana, para homenagear a Imaculada Conceição. A 115ª festa do Morro da Conceição adotou o tema “Maria, mãe de um povo ferido” e levou cerca de 450 mil pessoas a visitarem o Santuário no final de semana. Aos pés da imagem de Nossa Senhora da Conceição, no santuário Arquidiocesano, romeiros, pagadores de promessas e famílias inteiras buscavam o consolo e a certeza do amor maternal de Maria.
A concepção da Virgem Maria sem a mancha do pecado original é o segundo dogma da Igreja Católica. É esse o significado do título da Imaculada Conceição, festejado desde as primeiras horas do domingo, que marcaram o dia no Morro. Quem chegou no alto, enfrentou uma subida de mais de 300 degraus ou de uma ladeira estreita – um sacrifício que é tradição na cidade.
Desde cedo, católicos participaram das celebrações eucarísticas dentro e fora do santuário, que é igreja matriz da paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Às quatro da manhã, a tradicional Missa da Aurora foi presidida pelo padre missionário redentorista José Ulysses, da Arquidiocese de São Paulo, e concelebrada pelo padre oblato Josenildo Tavares, da Arquidiocese de Olinda e Recife. Aos primeiros raios da manhã, a paroquiana Dona Sevy entoou o canto “A Barra do Dia”, saudando a chegada do Sol que representa Jesus, o Filho de Maria. Na homilia, o padre Ulysses levou os fiéis a refletir sobre a importância de Maria no projeto de salvação de Deus. “Como não ter amor e gratidão por quem gerou o Deus Filho que veio ao mundo para nos salvar?”, perguntou ao povo.
O vigário geral da Arquidiocese de Olinda e Recife, monsenhor Luciano Brito, presidiu a missa campal das seis da manhã, que foi concelebrada pelos padres Deomar e Luan. Em uma pregação entusiasmada, o monsenhor afirmou que Maria é “o exemplo perfeito da confiança em Deus” que deve ser seguido por todos.
Aline Bezerra da Silva, de 25 anos, mora no bairro do Totó e subiu uma das escadarias de joelhos. Para enfrentar o sacrifício, contou com a ajuda do irmão mais novo, Allisson, e do vizinho Wagner, que se alternavam na colocação de chinelos e papelão nos degraus para evitar feridas nos joelhos durante a subida. “Vim agradecer por minha saúde e por muitas coisas que aconteceram em minha vida durante este ano”, disse a jovem.
Já o missionário Pedro Paulo, de 59 anos, subiu a escadaria de joelhos sem nenhuma proteção. Há dez anos vem a pé de Tejipió para o Morro e esse é o segundo ano que sobe a escadaria de joelhos. “Trago comigo os pedidos de oração de muitas famílias de minha comunidade, e sei que no ano que vem subirei de joelhos novamente para agradecer por todas elas”, disse.
À tarde, o sol forte não intimidou os fiéis, que vestiam azul e branco para render graças à Mãe de Jesus e padroeira afetiva do Recife. Emocionada, a adolescente Maria Vitória dos Anjos, acompanhada por sua mãe, trouxe a filha recém-nascida para apresentar à imagem de Nossa Senhora da Conceição. A jovem relata que enfrentou dificuldades para detectar o momento do parto e sua família é devota da Imaculada e pediu proteção e bênçãos. Avó, mãe e filha estavam aos pés da santa para agradecer pelo dom da vida.
Mirando a imagem da Imaculada como se encontrasse consolação para as suas angústias, uma outra avó, Maria Cristina, também trazia sua filha e seu neto para agradecer a intervenção da Virgem da Conceição. “Minha filha teve um parto complicado e poderia ter morrido. Hoje estamos aqui para agradecer, pois ambos estão bem e com saúde”, declarou a devota. Uma família de moradores do bairro de Candeias, Jaboatão, também rendeu graças à Imaculada, pela saúde da bebê Luísa Firmo Claudino, de apenas quatro meses. Avó, pais e tia cercavam de carinho a nenê que passou 16 dias na UTI após o nascimento e agora está saudável e feliz.
No interior do santuário, centenas de fiéis buscavam se refazer da caminhada e reforçar sua intimidade com Deus, em preces dirigidas à Maria. Ao cair da tarde, no palco externo, o público foi convidado a louvar e a cantar, na apresentação do padre João Carlos Ribeiro. O show envolveu os fiéis e seus familiares, que entoavam cânticos em sintonia com a devoção mariana.
Os padres da congregação Redentorista são os responsáveis pela organização da festa e pela administração do Santuário do Morro da Conceição. Após o show do padre João Carlos, os Redentoristas animaram o público no palco externo, preparando a todos para a chegada da procissão e para a celebração da Missa de encerramento. Conforme explicou o padre Luiz Vieira, provincial dos Redentoristas no Nordeste, o trabalho em equipe é fundamental para o êxito da festa do Morro: “Contamos com 600 voluntários que ajudaram na festa e sacerdotes e irmãos Redentoristas de outros estados brasileiros vieram para somar esforços”, informou o padre Luiz.
À noite, perto das 19h, a procissão com o andor de Nossa Senhora da Conceição chegou ao Santuário e o andor foi posicionado em frente ao palco. O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido acompanhou a procissão e presidiu a Missa Solene da Imaculada Conceição, concelebrada pelo clero arquidiocesano e pelos Redentoristas.
Em sua homilia, dom Fernando expressou a sua comoção com as demonstrações de carinho dos recifenses pela Imaculada Conceição. “É impressionante ver que o povo de Deus participa das festividades em louvor à Virgem Imaculada nas paróquias do Recife e ainda encontram um tempo para subir o Morro e confirmar o seu amor por Nossa Senhora em seu dia”, destacou o metropolita. Dom Fernando lembrou também que a proximidade do XVIII Congresso Eucarístico Nacional representa uma oportunidade para a Arquidiocese de Olinda e Recife fazer unidade com as paróquias nas celebrações das festas de padroeiros, valorizando esta graça especial concedida pela CNBB, a ser concretizada em 2020.
(Pascom AOR/ Fotos: Pascom AOR, Vítor Pessoa e Diego Leon)