O Subsecretário Adjunto de Pastoral e assessor da Comissão para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Marcus Barbosa, falou sobre o início do ano como um tempo oportuno para as dioceses, comunidades, paróquias, pastorais e organismos realizarem o seu planejamento pastoral. O grande marco, que funciona como um mapa que indica os rumos a seguir, para toda a Igreja no Brasil, são as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), elaboradas a cada quatro anos pelo episcopado brasileiro, também conhecidas como Plano de Evangelização.
Desde 1974, como informou o padre Marcus, a “Diretrizes” assumiram a missão de exprimir a unidade nos principais rumos, linhas e orientações para a missão evangelizadora da Igreja no Brasil. Desta forma, conforme decisão dos bispos, “as dioceses passaram a construir seus Planos pastorais com seus programas práticos e ações mais específicas”.
O subsecretário adjunto de Pastoral da CNBB reforça que o planejamento pastoral das dioceses, organismos e pastorais da Igreja precisa traduzir as Diretrizes da Igreja no Brasil para os planos pastorais, com seus caminhos e estratégias, partindo de suas realidades singulares e concretas. Abaixo, padre Marcus sistematiza pontos importantes sobre o Planejamento Pastoral:
Ação com
espiritualidade
Ao falar de Planejamento, algo é central: o acento que precisa ser dado ao
fervor do espírito dos agentes evangelizadores. “Evangelizadores com
Espírito!”. Um dos textos mais expressivos para sublinhar a estreita relação
entre Mística e Planejamento está na Exortação Apostólica Novo Millenio
Ineunte, de São João Paulo II. Rica é sua reflexão: “Antes de programar
iniciativas concretas, é preciso promover uma espiritualidade de comunhão”.
Planejar
não é burocratizar
Para uma ação evangelizadora frutuosa, é preciso ir além das reflexões teóricas
e das definições. Precisa-se chegar a alcançar, com a Palavra de Deus e as
orientações dos nossos variados e preciosos documentos, o coração das pessoas e
de suas realidades. Sem isso, não há evangelização! Pode haver, sim,
burocratização: muitos papéis, agendas cheias, subsídios e Planos de pastoral
bonitos que anunciam tudo o que deve ser feito, mas sem envolver as pessoas,
fomentar a comunhão e participação, a corresponsabilidade eclesial, e firmar,
dentro da salutar diversidade existente, uma pastoral orgânica de conjunto.
Considerar
diferentes realidades e contextos
Um Plano de pastoral bem elaborado é um instrumento valoroso para fazer chegar
até os núcleos mais profundos, fazer chegar a “alma” dos variados contextos
eclesiais e culturais, os valores do Evangelho e a reflexão e a práxis da
Igreja, gerando assim uma fecunda Conversão Pastoral, expressa na purificação
dos corações e mudanças de estilo de vida e missão de nossas Comunidades
Eclesiais.
Exigências
do Planejamento
Para isso, três exigências não deveriam faltar ao se pensar num Planejamento
Pastoral: a) Participação: O planejamento conta com todos. b) Gradualismo: vai
acontecendo de maneira gradual e respeita-se as etapas e os processos; c)
Despretensão: o planejamento constitui uma ajuda, não a “receita” para a ação
pastoral”. Os planejamentos pastorais, inspirados nas Diretrizes, devem
fugir da improvisação e do espontaneísmo e ser pensados e rezados como caminho
para nossa atuação como cristãos na Igreja e na Sociedade.
(Fonte: Site CNBB, Revista Bote Fé – Edição nº 30 – janeiro a março de 2020)