Francisco encontrou-se com os peregrinos que participaram da canonização de João Batista Scalabrini, no último domingo. “Somos chamados hoje a viver e difundir a cultura do encontro, um encontro igualitário entre os migrantes e o povo do país que os acolhe”, disse ele, exortando “as missionárias e missionários scalabrinianos a sempre se inspirarem em seu Santo Fundador, pai dos migrantes, de todos os migrantes”.
Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (10/10), na Sala Paulo VI, no Vaticano, os peregrinos que vieram a Roma para a canonização do bispo João Batista Scalabrini.
Depois de agradecer ao superior-geral dos Scalabrinianos, pe. Leonir Chiarello, por suas palavras de saudação e apresentação, Francisco agradeceu também a presença desta grande assembleia, composta por missionários, missionárias, missionárias seculares, leigos scalabrinianos, fiéis das dioceses de Como e Piacenza, e migrantes de muitos países. “Desta forma, vocês representam bem a amplitude da obra do bispo Scalabrini, a abertura de seu coração, para a qual, por assim dizer, uma diocese não era suficiente”, sublinhou Francisco.
A seguir, o Papa sublinhou que “de grande importância foi seu apostolado a favor dos emigrantes italianos. Naquela época, milhares deles partiram para as Américas. Dom Scalabrini olhou para eles com o olhar de Cristo, de que nos fala o Evangelho, por exemplo, Mateus escreve assim: “Vendo as multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor”. E se preocupou com grande caridade e inteligência pastoral para que recebessem assistência material e espiritual adequada”.
Colocar a fraternidade antes da rejeição
Ainda hoje, a migração é um desafio muito importante. Ela evidencia a necessidade urgente de colocar a fraternidade antes da rejeição, a solidariedade antes da indiferença. Hoje, cada pessoa batizada é chamada a refletir o olhar de Deus para os irmãos e irmãs migrantes e refugiados; a deixar que seu olhar amplie o nosso olhar, graças ao encontro com a humanidade a caminho, através da proximidade concreta, segundo o exemplo do bispo Scalabrini.
De acordo com Francisco, “somos chamados hoje a viver e difundir a cultura do encontro, um encontro igualitário entre os migrantes e o povo do país que os acolhe”.
“Trata-se de uma experiência enriquecedora, pois revela a beleza da diversidade. E também é fecunda, porque a fé, a esperança e a tenacidade dos migrantes podem ser um exemplo e um estímulo para aqueles que querem se comprometer com a construção de um mundo de paz e bem-estar para todos.”
“E para que seja para todos, vocês sabem bem, devemos começar pelos últimos. Esta é uma regra de sabedoria. Quando caminhamos, peregrinamos, sempre seguir os passos dos últimos.”
Ter o estilo de uma gratuidade generosa
“Para aumentar a fraternidade e a amizade social, somos todos chamados a ser criativos, a pensar fora dos esquemas. Somos chamados a abrir novos espaços, onde a arte, a música e o estar juntos se tornam instrumentos da dinâmica intercultural, onde podemos saborear a riqueza do encontro das diversidades”, disse ainda o Pontífice, acrescentando:
Por isso, exorto vocês, missionárias e missionários scalabrinianos, a sempre se inspirarem em seu Santo Fundador, pai dos migrantes, de todos os migrantes. Que seu carisma renove em vocês a alegria de estar com os migrantes, de estar a seu serviço, e de fazê-lo com fé, animados pelo Espírito Santo, na convicção de que em cada um deles encontramos o Senhor Jesus. Isso ajuda vocês a terem o estilo de uma gratuidade generosa, a não poupar recursos físicos e econômicos para promover os migrantes de forma integral; e também ajuda vocês a trabalhar na comunhão de propósitos, como uma família, unida na diversidade.
“Que a santidade de João Batista Scalabrini “nos contagie” o desejo de sermos santos, cada um de forma original e única, como nos fez e nos quer a fantasia infinita de Deus. Que a sua intercessão nos dê a alegria e a esperança de caminharmos juntos em direção à nova Jerusalém, que é uma sinfonia de rostos e povos, em direção ao Reino da justiça, fraternidade e paz”, concluiu o Papa.
Fonte: Vatican News