A poucos metros dos escombros que lembravam a tragédia do dia anterior, a comunidade do Morro da Conceição celebrou a fé e a esperança, neste sábado (31), em missa presidida pelo arcebispo dom Paulo Jackson. A comunidade estava abatida, mas não vencida, e participou com piedade da celebração em sufrágio das almas de seu Antônio e dona Conceição, que foram mortos na queda do teto do santuário na sexta-feira, dia 30 de agosto. Os dois eram atendidos pela Pastoral Social da paróquia e estavam na igreja para receber cestas básicas quando tudo aconteceu.
Para a missa, uma estrutura provisória foi montada na área em frente ao santuário e o povo ocupou as 400 cadeiras disponíveis. Muita gente ficou em pé, ao redor do toldo. Dom Paulo Jackson celebrou a Eucaristia ao lado do reitor do santuário, padre Emerson Borges, sempre emocionado, e de outros padres da Arquidiocese, como o vigário episcopal da região, padre Paulo Dutra, e o vigário geral Luciano Brito.
Dom Paulo Jackson afirmou que este primeiro momento é de solidariedade às famílias das duas vítimas fatais e o cuidado, tanto no nível material quanto no nível espiritual e emocional, das outras vítimas que saíram feridas neste acidente. “Em seguida, vamos recompor a comunidade eclesial, a vida de fé da comunidade. Lançaremos uma grande campanha em prol da reconstrução do santuário de Nossa Senhora da Conceição do Morro. Paróquia, Arquidiocese, poderes públicos, mas sobretudo cidadãos e cidadãs, todos estaremos unidos em prol desse grande projeto”, comentou.
Sobre o que é mais difícil de recuperar – a igreja ou a esperança do povo – dom Paulo disse, a partir de uma experiência muito pessoal, que a estrutura física do templo será mais fácil de ser reerguida. “Hoje eu vivi três experiências de velório: faleceu um grande bispo amigo meu, da minha turma de bispos, dom Mariano; segundo, sepultamos Bruna, funcionária de nossa Cúria Metropolitana; e agora à noite, essa celebração de exéquias de Dona Conceição e Seu Antônio, com o pedido de bênçãos para as vítimas que saíram com ferimentos, com sofrimentos maiores. Mas recuperar a autoestima, recuperar a fé, recuperar a esperança, o senso de unidade, creio que seja mais difícil que recuperar somente as estruturas físicas. A recuperação das estruturas físicas é consequência dessa recuperação existencial, psicoemocional e espiritual. Com essas motivações, nós podemos enfrentar quaisquer desafios”, explicou o arcebispo.
Antes da celebração, foi realizada uma pequena reunião com o arcebispo dom Paulo, o prefeito João Campos e a governadora Raquel Lyra, na casa paroquial, para alinhar o trabalho de recuperação do templo e atendimento às necessidades da paróquia. Na missa, João e Raquel deram boas notícias à comunidade: até quando for preciso, a Prefeitura do Recife vai manter a estrutura montada em frente ao santuário para que a programação de missas na paróquia não seja prejudicada. E o Governo do Estado vai liberar recursos financeiros e apoio técnico para reerguer o santuário até 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição.
A governadora prestou sua solidariedade e disse estar acompanhando de perto os feridos que estão nos hospitais e nas unidades de saúde, além dos que já tiveram alta. “Desde o primeiro momento, em conversas com dom Paulo e padre Emerson, a gente se colocou à disposição para reconstruir a igreja-santuário que é tão importante para a vida do Recife, para Pernambuco e para esta comunidade, do ponto de vista de religiosidade e de profissão de nossa fé”, disse Raquel Lyra. “A Procuradoria Geral do Estado já está nos entregando caminhos pra que isso possa ser feito -provavelmente será um termo de fomento, pelo qual a gente repassa o recurso para a Arquidiocese e os nossos engenheiros e arquitetos, primeiro fazendo os laudos e identificando as causas, entrarão para a avaliar as estruturas, fazer os novos projetos e apoiar integralmente a Arquidiocese na reconstrução dessa obra. Mas não tenham dúvida nenhuma de que a gente só vai parar o trabalho com a entrega, mais uma vez, do santuário, para a população do Recife”.
A dor dos paroquianos e recifenses chegou também ao prefeito, que viu a comoção e o desespero das pessoas minutos após o desabamento. “A prefeitura está atuando desde o primeiro momento com foco essencial no cuidado às vítimas”, disse. “Providenciamos uma estrutura emergencial para celebrar as missas, e ficaremos à disposição, junto da Igreja, junto dos que mais precisam, para que esse local tão abençoado, sagrado, continue a trazer vida e esperanças para as famílias recifenses”, concluiu.
Ao final da missa, o reitor agradeceu o apoio dos paroquianos, da Arquidiocese, da congregação redentorista, dos órgãos governamentais e dos amigos da paróquia.
Pascom AOR