A Jornada Mundial dos Pobres acontece em todo o mundo há 8 anos, conforme determinação do Papa Francisco. Na Arquidiocese de Olinda e Recife, a vivência da Jornada teve início no último domingo, dia 10 de novembro, e segue até o dia 17. Perguntado sobre a motivação dessa articulação mundial, o arcebispo dom Paulo Jackson respondeu com uma indagação reflexiva: “Com quem Jesus gastava seu tempo?”.
Os excluídos da sociedade foram os convidados para participar da abertura na Jornada dos Pobres na Arquidiocese. Dom Paulo Jackson celebrou missa neste domingo (10) pela manhã, em meio ao contraste social do bairro de Santo Amaro. O manguezal, no pé da ponte do Limoeiro, foi cenário para missa que acolheu esses irmãos sofridos, sem teto e sem emprego, para a abertura da 8ª Jornada Mundial dos Pobres. Representantes de pastorais e movimentos da Igreja local também participaram da celebração.
Sob a Tenda do Encontro, o arcebispo proferiu palavras de acolhida, carinho e esperança no amor de Deus. O povo em situação de rua participou da equipe litúrgica, fazendo leituras e preces na missa que foi concelebrada pelo padre Edson André, coordenador da Pastoral Social para a Ação Sociotransformadora; por padre Antônio Mota, reitor do Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora de Fátima; e padre Domingos, pároco da Paróquia São Sebastião, do bairro de Santo Amaro. O diácono Antônio Sebastião, que idealizou e coordena há três anos a Tenda do Encontro no mangue, deu assistência ao bispo e articulou um almoço festivo para o povo.
Em sua homilia, dom Paulo lembrou que os pobres continuam sendo os preferidos de Deus. “Nós lemos no livro do profeta Zacarias que os pobres são a pupila dos olhos de Deus. Quando nós lemos no Deuteronômio que Deus tem uma preferência especial pelos pobres, pelos órfãos, pelas viúvas, pelos migrantes; quando nós abrimos o Santo Evangelho e percebemos Jesus cuidando, com quem Jesus gasta seu tempo? Com os famintos, com os doentes, com os impuros, com os pecadores, com as mulheres, com as crianças, com as prostitutas, com os ladrões… É por isso que o Papa Francisco mais e mais tem nos chamado atenção para essa Jornada Mundial dos Pobres, para que a gente nunca perca a sensibilidade e nunca emburaque por um caminho de apatia e indiferença”, disse o arcebispo.
Após a missa, dom Paulo Jackson embrenhou-se mangue adentro, acompanhado pelo diácono Antônio Sebastião, e conheceu a realidade dos que moram em barracos de papel e plástico escondidos entre as folhagens. Conversou com cada um dos irmãos “invisíveis”, abençoou um por um, numa experiência de pastor que busca as ovelhas que se perderam do rebanho.
Franciscanos
No Convento de Santo Antônio, na Rua do Imperador, a comunidade dos frades franciscanos preparou uma feijoada solidária. Eles ofereceram trezentas quentinhas para os atendidos regularmente nos projetos sociais do convento e para outras pessoas da redondeza. Frei José Adilson, guardião do convento, organizou e animou o almoço musical servido no claustro. A ação aconteceu neste domingo, como vivência da Jornada Mundial dos Pobres, porque a província franciscana estará em assembleia capitular na Paraíba, no próximo dia 17, data que coincide com o Dia do Pobre.
A feijoada foi servida após a missa dominical do convento, presidida por frei Aloísio Fragoso, que abençoou os pães e as quentinhas ao final da celebração. O religioso disse que o Papa Francisco, certamente, estava inspirado pela luz do Espírito Santo quando determinou que a Igreja celebrasse a Jornada dos Pobres. “Falar do pobre, hoje em dia, nós sabemos, é um assunto que apaixona, que fascina, mas também incomoda. Todo mundo quer ver o pobre passando bem, levando uma vida digna, mas todo mundo ou quase todo mundo tem medo de se aproximar muito dos pobres, porque o olhar do pobre acusa nossa consciência. O olhar do pobre é o juiz da humanidade. No mundo onde há aqueles que não sabem o que fazer com a fortuna que possuem, e há aqueles que não sabem onde buscar o pão de cada dia para sobreviver, o ato de dar ao pobre não significa simplesmente dar – lembra Paulo VI em sua encíclica – mas significa restituir, devolver alguma coisa a que ele tem direito, porque é nosso irmão. Se nós somos uma família, como pode haver aquele que tem tudo e aquele que não tem nada e nos chamarmos de irmãos? Por isso, a Jornada dos Pobres é um compromisso cristão que vai muito além de um sentimento e de uma boa vontade, mas é a razão de sermos irmãos e, portanto, a razão de sermos cristãos”.
Para conhecer a programação completa preparada pela Arquidiocese de Olinda e Recife para a 8ª Jornada Mundial dos Pobres, clique aqui.
Pascom AOR