O clero de Olinda e Recife participou, nesta sexta-feira (5), de uma manhã de formação no Centro Arquidiocesano de Pastoral Dom Vital, no bairro da Várzea, em Recife. Sob a orientação do bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, dom Joaquim Mol, o clero conheceu um pouco mais sobre o fenômeno dos influenciadores digitais católicos. O arcebispo dom Paulo Jackson estava na primeira fila do auditório, participando ao lado de padres e diáconos.

Dom Mol apresentou os resultados de uma pesquisa sobre o assunto, que foram publicados pela Paulus, em coedicão com a editora Ideias e Letras, no livro “Influenciadores digitais católicos: efeitos e perspectivas”, de autoria de Fernanda de Faria Medeiros, Aline Amaro da Silva, Alzirinha Rocha de Souza, Moisés Sbardelotto e Vinícius Borges Gomes.

Para dom Mol, há influenciadores muito bons. “Outros não são tão bons, porque não atuam seguindo as orientações da Igreja para a evangelização. O que se pretende neste encontro é apresentar o resultado da pesquisa para que, debatendo o assunto, a gente encontre formas de praticar a influência digital no formato não de influenciador, mas de evangelizador”, disse o bispo.

A pesquisa sobre os influenciadores teve duração de dois anos e trouxe dados interessantes para reflexão. Um deles é a predominância de influenciadores homens e de padres – portanto, de menos mulheres e de leigos. “Isso também é uma questão a ser pensada, porque, por exemplo, uma catequista de uma comunidade pode ser uma nano-influenciadora, pequena, que alcança uma ou duas centenas de pessoas”, comentou dom Mol. “Grandes influenciadores alcançam um milhão, cinco milhões, dez milhões, mas a gente acredita mais nesse trabalho de um punhado de pequenos formando um todo, do que um sozinho, para ele não virar uma grande estrela solitária. A ideia é que haja pequenos, micro influenciadores digitais, para evangelizar as pessoas”, concluiu.

A autora Alzirinha Rocha de Souza acompanhou a apresentação de dom Mol, na Várzea, e contribuiu com a explanação de parte da pesquisa para o clero, ligando a Comunicação à Teologia. Reforçou que o livro oferece algumas propostas teológico-pastorais, como convite ao aprofundamento por parte das lideranças eclesiais e dos agentes de pastoral, em sua diversidade.

O encontro despertou nos participantes o conhecimento sobre o que não é bom e abriu uma perspectiva de atuação naquilo que é bom. O pároco de Nossa Senhora da Piedade, no bairro de Santo Amaro, padre Carlos André Sales, considerou que a comunicação é um tema importante para a Igreja, visto que ela tem a missão de anunciar a Boa Nova de Jesus (“Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” – Mc 16,15) para a salvação dos homens. O padre lembrou que o Papa Paulo VI instituiu, inclusive, há 58 anos, o Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado no mesmo dia da solenidade da Ascensão do Senhor. “O anúncio do evangelho vem sendo feito com todos os meios que Deus vai possibilitando ao longo dos séculos, seja com as grandes navegações ou, hoje, com as mídias sociais”, disse. “O encontro com dom Mol ratificou que é essencial, para este anúncio, estarmos em comunhão com o Papa e com a doutrina da Igreja. Sabemos que nesta comunicação há realidades em que se comunica mais a si mesmo que ao evangelho, fugindo do foco da missão. As mídias sociais, no entanto, podem fazer um bem enorme e precisamos usá-las com sabedoria para transmitir com muita serenidade, na linguagem do nosso tempo, a verdade do evangelho, a misericórdia de Deus e a sã doutrina para todos os homens”.

Sobre os que ainda não têm o hábito de usar os recursos tecnológicos por, simplesmente, não gostarem da proposta de uma comunicação digital, dom Mol pontua: “A tecnologia independe de as pessoas gostarem ou não. Ela é um fato, existe, a gente aproveita ou não aproveita. Aproveitando, acho que a gente avança. Não aproveitando, acho que a gente fica parado no tempo. Costumo dizer que a Igreja não precisa de influenciadores digitais, mas de evangelizadores digitais. Evangelizar aproveitando toda a beleza da tecnologia digital para chegar a muitas pessoas”.

Dom Mol reconhece que há fake news e disseminação de reações de ódio nas mídias digitais, mas esclarece que esse é o uso indevido da tecnologia. “Mas eu posso pegar a mesma tecnologia e, por meio dela, humanizar, pregar a paz, o evangelho de Jesus, interagir com as pessoas, formar grupos que possam enfrentar o sofrimento humano, ajudar gente sem emprego, sem ter o que comer, sem escola de qualidade, com a mobilidade urbana comprometida”, exemplifica. “São situações em que podemos, por meio da mídia digital, criar movimentos que transformem essa realidade”.

O livro “Influenciadores digitais católicos: efeitos e perspectivas” está disponível para venda no site das editoras (Paulus e Ideis e Letras) e também nas principais livrarias e plataformas digitais.

Pascom AOR