Na manhã desta quinta-feira (11 de maio), o bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Limacêdo Antonio, visitou o Instituto Fênix, no bairro dos Coelhos, em Recife. Convidado pelo presidente e fundador do Instituto, o administrador de empresas Cícero Alves, dom Limacêdo conversou com voluntários e colaboradores, como a advogada Maria Eugênia Moraes e o juiz da Infância e da Juventude da região metropolitana do Recife, Paulo Brandão.
Dom Limacêdo participou da entrega de cestas básicas a familiares de indivíduos que estão detidos ou que já deixaram o sistema prisional. As cestas foram doadas pelo presídio de Igarassu, que realizou um evento beneficente há duas semanas: um jogo de futebol entre o time liderado pelo jogador Carlinhos Bala e o time dos amigos do diretor do presídio, Charles Belarmino. A entrega das mais de 160 cestas foi feita pelo bispo auxiliar, pelo supervisor de segurança do presídio, Eronildo Santos, e pelos voluntários do Instituto Fênix.
O encontro foi oportunidade também para dom Limacêdo conhecer melhor o trabalho do Instituto, que ampara homens e mulheres egressos do sistema prisional com ações de educação e geração de empregos, visando à ressocialização. Na conversa desta quinta-feira, o fundador Cícero Alves falou sobre os projetos que atendem às famílias dos que já foram presos e que, por falta de confiança da sociedade, não conseguem emprego para sustentar suas famílias. Segundo ele, as ações do Instituto fazem diferença. “Em 2022, a reincidência carcerária de nossos atendidos foi de apenas 3% “, afirmou o gestor. Os dados foram colhidos por meio da Diretoria Psicopedagógica da Instituição e validados pela juíza de direito titular da 1ª Vara Regional de Execução Penal de Pernambuco, Orleide Rosélia Nascimento Silva.
A dedicação da equipe mereceu elogios do bispo. “Estou encantado com o trabalho que todos realizam aqui”, disse. “Isso é Evangelho puro: estender a mão ao próximo, amar o irmão”. Dom Limacêdo aprovou e apoiou toda a rede de assistência criada pelo Instituto Fênix, lembrando que “educar e qualificar o egresso é o primeiro passo, objetivando a inserção no mercado de trabalho e a não reincidência ao crime, mas para que isso funcione, é preciso apostar no amor a cada minuto, fazer esse bem com amor, com o coração”, comentou.
Nas duas horas em que estiveram juntos, bispo e voluntários do Instituto Fênix refletiram sobre o sofrimento das pessoas privadas de liberdade. A situação atinge não somente os encarcerados, mas suas famílias. “Precisamos trabalhar também com as crianças para que elas não normalizem a condição de seus pais, não se espelhem neles, mas tenham um futuro diferente”, comentou a advogada Maria Eugênia Moraes, diretora jurídica da instituição. Por isso, foi firmado um convênio entre o Instituto Fênix e o Serviço Nacional do Comércio (Senac) para profissionalizar os adolescentes dessas famílias e encaminhá-los ao Programa Jovem Aprendiz, já com carteira assinada nas normas da lei. “Nosso objetivo é quebrar o círculo do delito, mostrando aos filhos dos egressos que existem outras formas de vida, que não a violência, o chamado aviãozinho (tráfico de drogas) ou o furto”, completou a advogada.
O juíz da Infância e da Juventude Paulo Brandão, que trabalha há 30 anos nesta área, colocou sua expertise e rede de relacionamentos e trabalho à disposição para ajudar o Instituto, providenciando escola, cursos e acompanhamento psicológico e jurídico das crianças, se necessário. “Considero cada criança que me é confiada como um filho e não meço esforços para fazer dela uma pessoa de bem, um cidadão digno, como todos devem ser”, comentou o magistrado.
O trabalho desenvolvido pelo gestor Cícero Alves foi inspirado em sua história de vida: ele mesmo já viveu os dissabores da falta de liberdade. Mas as dificuldades não venceram seu desejo de ser melhor e, ainda na prisão, começou a estudar. Hoje, Cícero é graduado em Administração de Empresas, tem pós-graduação em Gestão Pública e está cursando Direito. Suas conquistas são exemplo para os que acolhe. “Não é um conto de fadas, mas uma realidade possível”, afirmou. “Sou um egresso do sistema prisional e, assim como necessitei de apoio para recomeçar minha vida, homens e mulheres dependem da ajuda de empresários e pessoas de bem, para confiarem neles e darem uma chance de trabalho para conquistarem uma vida digna”, concluiu.
O Instituto Fênix está localizado na Rua dos Coelhos, 485, no bairro dos Coelhos, no Recife. Empresas e profissionais interessados em colaborar nos projetos, inclusive doando um dia de trabalho nas áreas de Psicologia, Artes e Direito, são convidadas a visitar o Instituto e conversar com a equipe gestora.
Pascom AOR