A cidade da Vitória de Santo Antão está em festa.Localizada na Mata Sul do Estado de Pernambuco, o município é o único do Brasil que tem Santo Antão como padroeiro. Na ocasião, o Ministério das Comunicações lançou selo comemorativo em homenagem à festa.
A matriz da Vitória de Santo Antão, que fica a 50 km de Recife, estava repleta de fiéis, na edição 399 da festa do padroeiro. A programação, que durou 12 dias, se encerrou no dia do padroeiro com celebração eucarística presidida pelo arcebispo metropolitano dom Paulo Jackson, às 10 horas da manhã. A missa foi concelebrada pelo novo vigário geral monsenhor Josivaldo e também pároco da matriz , além de padres da arquidiocese.
Durante a homilia, dom Paulo falou sobre a vida de Santo Antão e como ela pode nos motivar a mudança de vida.
“Santo Antão, retirando-se ao deserto, encontrou em sua experiência mística nas cavernas povoadas por demônios; não precisamos imaginar muitas coisas. Do ponto de vista linguístico e psíquico, trata-se do interior de cada um de nós, das lutas que travamos todos os dias. O processo de maturação de um ser humano não é algo simples; é uma tarefa para toda a vida. E só é possível acontecer com o silêncio e a solidão dos desertos”, disse dom Paulo Jackson.
Dom Paulo refletiu ainda que os valores que Santo Antão propõe podem ter sido esquecidos por todos nós e que a ocasião desta data pode nos motivar a reencontrá-los.
Ao final da missa, foi lançado um selo comemorativo da Festa de Santo Antão pelos correios, promovido pelo Ministério das Comunicações, por intermédio dos Correios Nordeste. Dom Paulo Jackson carimbou o selo personalizado e recebeu um álbum com a peça das mãos da superintendente dos correios, Deise Ferraz. Após o arcebispo também carimbou o selo autoridades civis e religiosas.
Leia trecho da homilia
“Eu gostaria de compartilhar com vocês, nesta manhã, três sentimentos que brotam da palavra de Deus. O primeiro é sobre os pecados capitais e os demônios que estão nas cavernas, os quais foram enfrentados por Santo Antão. O segundo elemento para nossa meditação é a temática da avareza e a liberdade, antes de tudo, diante do dinheiro, que caracteriza a vida de Santo Antão. O terceiro elemento para nossa meditação é a relação da vida de um santo com a constituição da identidade de uma cidade.
Santo Antão, retirando-se ao deserto, encontrou em sua experiência mística nas cavernas povoadas por demônios; não precisamos imaginar muitas coisas. Do ponto de vista linguístico e psíquico, trata-se do interior de cada um de nós, das lutas que travamos todos os dias. O processo de maturação de um ser humano não é algo simples; é uma tarefa para toda a vida. E só é possível acontecer com o silêncio e a solidão dos desertos.
Sobre a superação da avareza, podemos refletir sobre o texto do Evangelho de Mateus, sobre o jovem rico. Qual era o grande problema daquele jovem que veio conversar com Jesus? Ele havia transformado os bens materiais em ídolos. O problema é que ele não consegue reconhecer a soberania de Deus. De vez em quando, eu escuto algum irmão evangélico dizer que os católicos são idólatras porque têm imagens. Quem dera se a nossa idolatria fosse essa! A nossa e a deles também é porque nós colocamos no lugar de Deus aquilo que não é Deus. A idolatria fundamental é não reconhecer Deus como Deus.
Jesus não pede o mesmo grau de exigência para todos os seus discípulos; nem todos precisam doar seus bens aos pobres para seguir o Cristo. Mas todos precisam reconhecer que Deus Pai é bom.
Sobre o terceiro elemento para nossa reflexão, a cidade de Vitória nasce aos pés deste santo; talvez tenhamos perdido tantos valores que Santo Antão nos propõe. Talvez seja a hora certa de reencontrá-los”.
Dom Paulo Jackson Nóbrega