O arcebispo de Olinda e Recife, dom Paulo Jackson, participou neste sábado (14) do 19º Encontro dos Fundadores das Novas Comunidades do Regional Nordeste 2 da CNBB. Dom Paulo foi um dos pregadores do encontro, que reuniu, no ginásio da Comunidade Boa Nova, em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana do Recife, cerca de 150 leigos de 60 Novas Comunidades localizadas nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas.

O tema explanado por dom Paulo foi “Sinodalidade e Novas Comunidades”. De forma catequética, o arcebispo trouxe embasamento bíblico para sua fala, apresentando aos participantes cinco passagens bíblicas que denotavam, desde o Antigo Testamento, a Sinodalidade. “A encarnação (E o Verbo se fez carne e habitou entre nós – Jo 1,14 ) é a grande sinodalidade, a grande comunhão de Deus com a humanidade, a cultura e a história. Dentro dessa história, nós, como Igreja, desejamos viver a comunhão”, comentou o arcebispo. “Por isso é muito importante que todos nós construamos um caminho de espiritualidade sinodal, processos sinodais, mas também estruturas e organismos sinodais, para que a Igreja seja, de fato, expressão da Comunhão Trinitária, que é a melhor síntese da Sinodalidade”, disse dom Paulo.

Para Rodriguinho Dias, fundador da Comunidade Porta Fidei, do Recife, a fala do arcebispo foi importante desde o início, pois dom Paulo conceituou o que seria um caminho sinodal “e isso esclareceu muito, porque muitas vezes as pessoas usam a palavra sem conhecer a plenitude e a profundidade do significado. Além disso, ele apresentou as experiências bíblicas de sinodalidade e depois trouxe para a realidade que estamos vivendo”, comentou. “Ele se mostrou um pastor muito próximo, muito amigo, mas muito firme e claro no que a igreja espera de nós”, concluiu Rodrigo, que fundou a Comunidade Porta Fidei há 12 anos, ainda sob o pastoreio de dom Fernando Saburido. “A presença do bispo nos ajuda, nesse caminho sinodal, a entender aquilo que Deus quer de nós”, disse.

As Novas Comunidades são acompanhadas há cerca de 20 anos por Dom Bernardino Marchió, bispo emérito de Caruaru, Pernambuco. Nesse tempo todo, houve troca de bênçãos entre o bispo referencial e os leigos. “Eu aprendi a dialogar mais”, comentou o bispo. “Nesses anos, vi como as Novas Comunidades são dinâmicas, como querem estar dentro da Igreja e a serviço da Igreja. Por isso devemos ajuda-las sempre para que continuem nessa alegria e nesse entusiasmo, nesse desejo de colocar em prática a palavra do Papa Francisco sobre a sinodadidade”.

Na pregação de dom Paulo, as palavras traziam ares de gratidão e de incentivo à missão. “Vocês são leigos e leigas inseridos na história e precisam agir, enfrentar, no sentido positivo da palavra. A tarefa de dialogar ou conviver com a cultura hodierna não pode ser somente de padres e bispos e do Papa, mas, como leigos, vocês precisam dialogar com a cultura, com tudo que ela tem de belo e de ambiguidade, e aí fazer que o Evangelho possa fermentar nesse universo cultural”, disse o arcebispo.

Dom Paulo afirmou que as Novas Comunidades são um testemunho grandioso no seio da Igreja, uma expressão belíssima do carisma do Espírito, e que a Igreja tem a missão de acolher, acompanhar, discernir e integrar as Novas Comunidades. Lembrou que precisa haver plena comunhão com o Papa, “mas não apenas com aquele Papa com quem nos identificamos, mas por quem quer que seja escolhido pelo Espírito Santo de Deus”. Falou ainda sobre a comunhão profunda com a Conferência Episcopal e sobre o constante diálogo com o bispo diocesano. “A pessoa humana é sinodal porque se abre à transcendência e ao outro ser humano”, comentou.

A leitura partilhada do Relatório de Síntese da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos trouxe para o encontro a visão da Igreja sobre as Novas Comunidades, a quem chama, no documento, de “agregações laicais” (parte II, ‘Todos Discípulos, Todos Missionários’, nº 10, letra C): “Com igual gratidão, o Povo de Deus reconhece os fermentos de renovação presentes em comunidades que têm uma longa história e no florescimento de novas experiências de agregação eclesial. As associações laicais, os movimentos eclesiais e as novas comunidades são um sinal precioso do amadurecimento da corresponsabilidade de todos os batizados. O seu valor reside na promoção da comunhão entre as diferentes vocações, no impulso com o qual anunciamos o Evangelho, na proximidade àqueles que vivem uma marginalidade económica ou social e no compromisso com a promoção do bem comum. Muitas vezes, são modelos de comunhão sinodal e de participação em vista da missão”.

O fundador da Comunidade Boa Nova, Hamilton Apolônio, falou sobre o apoio e a orientação da Igreja às novas comunidades. Segundo ele, as Novas Comunidades estavam felizes com o momento vivido junto a dom Paulo Jackson e a dom Bernardino Marchió. “A importância dos bispos aqui, junto a nós, Novas Comunidades, é a importância de um pai de família junto com seus filhos. É uma grandeza, uma riqueza. Recebemos orientação segura, respondendo as perguntas que nós temos, porque é importante esclarecer as dúvidas. Nós tivemos a graça de experimentarmos a sinodalidade, a eclesialidade, a beleza de uma Igreja que se reúne para conversar”, disse o anfitrião.

O 19º Encontro das Novas Comunidades teve a participação, ainda, dos diretores espirituais, que são os sacerdotes que acompanham os grupos em sua missão.

Pascom AOR