Meu objetivo aqui é fazer deste artigo uma partilha. Coloco-me como um sacerdote que cada vez mais se surpreende em minha missão de acompanhar a preparação da JMJ Rio2013 no setor Pré-Jornada. Quero me dedicar à minha última experiência seguindo os sinais da nossa JMJ em Recife / Olinda (PE). Podia me deter aqui em muitas questões lá vividas, tais como: o fervor do povo, a alegria, o grande número de jovens, a presença das comunidades reunidas, a fé, a emoção e a devoção das pessoas ao se aproximarem da Cruz e do ícone de Nossa Senhora e como queriam orar diante destes símbolos.

Mas, um fato aconteceu que me levou a um dia inteiro de meditações sobre este caminhar de preparação à nossa Jornada. Após a missa de acolhida dos sinais no estado, estes foram levados pelo povo do Santuário de Fátima até o Marco Zero, onde foi organizada toda estrutura para acontecer o evento “Bote Fé”. Foram algumas horas de caminhada, e todos esperavam este grande momento no palco do “Bote Fé”, em Recife. Os organizadores já estavam sinalizando a chegada dos sinais, quando uma jovem em meio à multidão me fez sinal com o semblante angustiado e pediu para falar comigo. Era seu amigo que estava passando mal e, já retirado do meio do povo, se encontrava em um lugar à parte na estrutura interna do evento. Ao chegar na sala, lá estava o jovem rodeado de outras pessoas que já não sabiam ao certo o que fazer diante do descontrole e da força do menino de apenas 13 anos.

Não era uma cena estranha para mim como sacerdote e, como de costume, pedindo o dom do discernimento dos espíritos, invoquei o Espírito Santo para discernir se era algo mais sério ou uma crise emocional mesclada com sinais de perturbação espiritual. Aos poucos fui dando instruções aos que lá se encontravam assustados, e fui pedindo a paz àquele jovem. Sua maior enfermidade estava na falta de amor e do perdão, da falta da estrutura familiar para que pudesse seguir com sua vida em harmonia. Ficava claro para mim que não se tratava de nenhuma manifestação demoníaca, embora sinalizasse como tal, mas de um jovem que precisava ser tratado em seu interior, iluminado e curado na alma. Depois deste momento que deixou muita gente tensa, fui conversar um pouco com este jovem e confirmei todo o discernimento anterior.

Após todo este acontecido, quando voltei ao palco do “Boté Fé” a Cruz e o ícone já tinham chegado, Dom Fernando Saburido, OSB, arcebispo de Olinda e Recife, e Dom Bernardino Marchió, bispo de Caruaru e membro da Comissão Pastoral para a Juventude da CNBB, já tinham falado, e era chegada a hora de me pronunciar, motivando os jovens à participação em todo este processo e à ida ao Rio em 2013. Mas, minhas palavras foram diferentes do que tinha planejado.

Penso que o fundamental já tinha acontecido em minha viagem: cuidei de um jovem! Vivi a experiência do Bom Pastor que larga as 99 ovelhas para buscar a que se perdeu e encontra nesta seu sentido de vida e alegria. Escrevi estas palavras ainda no voo de retorno ao Rio, pensando que o mais importante não será organizar uma grande Jornada no próximo ano em âmbitos estruturais. Sem tirar o mérito desta questão, ao ver aquele jovem no chão, senti que o maior desafio está em restituir à juventude a nova vida que o Senhor nos concedeu pelo seu sacrifício na Cruz; de conseguir levar esta palavra de libertação, conduzir os jovens à Esperança de um novo tempo que se aproxima e deixar como legado da Jornada não apenas bons momentos, mas de forma prática, gerar novos discípulos missionários em nossa Igreja, verdadeiramente comprometidos com o Evangelho da verdade e do amor. Como você pode contribuir para que isto aconteça?

Ainda sobre a visita da Cruz e do ícone da Virgem em Pernambuco, trago uma foto marcante dentro da Funase (Fundação de Atendimento Socioeducativo) para ressocialização de menores infratores. Diante desta imagem, dispenso as palavras.

Padre Jefferson Gonçalves
responsável pela Pré-Jornada JMJ RIO2013

Fonte: Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro