Renovação: esta é a palavra de ordem quando o assunto é a vida consagrada. Em entrevista ao Vatican News, o prefeito da Congregação os Instintos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Cardeal João Braz de Aviz, faz um balanço do ano que passou e anuncia três grandes eventos para 2020: um encontro mundial sobre o diálogo entre os carismas históricos e atuais, um congresso internacional em Ávila, na Espanha, para os Institutos Seculares e um encontro mundial sobre a Ordem das Virgens.
Nós estamos num momento da vida consagrada de repensar: os carismas dados à Igreja são dons, têm um valor e um sentido em si muito grande, seja os carismas históricos, seja os novos carismas que estão chegando.
Para os carismas históricos, todo o problema é a sua renovação. Hoje, a questão da abertura do diálogo com a cultura deste momento é fundamental. Mas nós não podemos perder neste diálogo aqueles valores que são tipicamente da vida consagrada: o segmento de Cristo, este é o ponto fundamental da formação na vida consagrada, o segmento do carisma dos nossos fundadores e esta capacidade constante de se renovar, dialogando com a cultura do momento.
O fundador viveu num outro momento histórico, então agora nós temos que atualizar. Isto é feito através da atualização das constituições, dos novos diretórios para a vida consagrada, mas isto é feito à luz do Concílio e do magistério atual. Este caminho os carismas antigos têm que fazer. Os carismas novos têm muita mais facilidade, seja em vocações, seja em presença no mundo de hoje, mas o que falta muitas vezes é uma consolidação da experiência. Há uma experiência muito jovem, nova, que precisa ser consolidada e se ela não tiver as características verdadeiramente da vida consagrada ela não vai subsistir, ela não vai ter força.
E um terceiro ponto é o diálogo entre essas duas realidades. Eu acho que tudo isso está crescendo, mas é preciso que a gente se abra para isso, crie a mentalidade do homem universal, da mulher universal, que dialoga, que abre, que compreende, não em vista de ter mais espaço para o seu carisma, mas em vista de um aprofundamento da própria experiência seja espiritual, seja carismática. Eu acho que este processo está acontecendo devagar na Igreja. Num processo de maior transparência, de maior testemunho, de um testemunho mais comunitário.
Hemorragia da vida consagrada – Dom João manifestou ainda a preocupação de seu Dicastério com o número alto de abandonos na vida consagrada.
“Onde está o problema, por que não há esta fidelidade que continua até o final, que para no meio da consagração? Estamos preparando inclusive um documento nesta direção para que a gente possa aprofundar. O Papa chama este fenômeno, que é bastante amplo, de ‘hemorragia’. Não é bom, é algo que não está bem centralizado e precisamos ver.”
(Fonte: site Vatican News)