O povo de Pernambuco tem mais um motivo para celebrar e agradecer, na subida do Morro da Conceição, este ano: a Festa do Morro da Conceição, realizada em dezembro, uma das principais celebrações religiosas de Pernambuco, agora é Patrimônio Cultural Imaterial do Estado. O título foi aprovado em sessão do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC), nessa quinta-feira (1º), que foi realizado de forma extraordinária no Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico de Pernambuco, no bairro da Boa Vista.

A sessão contou com a presença do bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Limacêdo Antonio, e de uma representação importante dos missionários redentoristas, que são responsáveis pelo Santuário de Nossa Senhora da Conceição do Morro, como o reitor do santuário, padre Pedro Luís; o superior da Vice Província Redentorista do Recife, padre Luís Vieira; e do grande sonhador do título de patrimônio imaterial, padre José Ulysses, que é diretor da Academia Marial do Santuário de Aparecida, em São Paulo, e já foi reitor do santuário do Morro da Conceição. “Vim a Recife participar da Festa do Morro e não poderia deixar de estar presente neste momento tão importante, pelo qual estava ansioso e para o qual meu coração já estava preparado”, disse o padre Ulysses.

O processo de registro para reconhecimento da festa como patrimônio imaterial teve início em 2017, com um projeto de lei do deputado estadual Isaltino Nascimento (PSB), e teve decisão favorável em 2018. Uma mudança na legislação, no entanto, fez com que o procedimento tivesse que ser readequado, com a votação refeita neste momento, após relatório apresentado pelas conselheiras Cecília Canuto e Margarida Cantarelli. O trâmite foi concluído pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) em outubro deste ano e a sessão no Instituto Arqueológico, nesta quinta-feira, ratificou o pleito anterior, com decisão unânime dos conselheiros votantes.

Ao final da sessão, dom Limacêdo Antonio lembrou Santo Agostinho, dizendo que “a gratidão é memória do coração”. Para o bispo, que celebrou a missa de abertura da Festa do Morro este ano, a votação foi “um exercício intelectual e afetivo, sem deixar de ser racional, e reflete a seriedade como essa memória está sendo tratada, pois é tarefa de todos cuidar do momento atual para os que vierem depois”.  Em um gesto fraterno, o bispo abraçou o reitor do santuário, parabenizando e agradecendo à comunidade redentorista pelo zelo com que conduz a Festa do Morro.

Em confraternização após a cerimônia, dom Limacêdo conversou com Dona Sevi, figura icônica da Festa e autora do livro “Aos pés da Santa – a história de um povo”. Dona Sevi é presença constante nas festividades da paróquia santuário e este ano receberá o título de oblata redentorista, a ser entregue durante as homenagens à padroeira.

As homenagens a Nossa Senhora da Conceição este ano começaram na segunda-feira (28 de novembro) e seguem até o dia 8 de dezembro. O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, preside a missa de encerramento da festa, às 18 horas, após a tradicional procissão que parte do prédio da Prefeitura do Recife, no Recife Antigo, passando pela Av. Norte Miguel Arraes de Alencar, até o Santuário, no bairro de Casa Amarela.

A Festa do Morro ocorre há 118 anos, levando milhares de fiéis aos pés da imagem de 3,5 metros e quase duas toneladas, que foi trazida de navio da França. O monumento foi inaugurado no dia 8 de dezembro de 1904, pelo então bispo de Olinda, dom Luiz Raymundo da Silva Britto. Exatos 70 anos depois, o então arcebispo de Olinda e Recife, dom Hélder Câmara, criou a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Morro. Em 2015, dom Fernando Saburido elevou a igreja matriz à condição de Santuário Arquidiocesano.

Pascom AOR