Amados irmãos e irmãs,
Hoje nossos corações se voltam para São José, esposo de Maria, pai adotivo de Jesus, protetor da Santa Igreja, aquele que no silêncio e na humildade guardou um imenso tesouro de fé.
Celebramos um homem cuja grandeza não está no poder, na eloquência ou nas conquistas humanas, mas na obediência, no amor e na entrega total à vontade de Deus.
Na primeira leitura, Deus faz uma promessa ao rei Davi: de sua descendência viria um filho que edificaria uma casa para o nome do Senhor, e cujo reino seria eterno. Essa profecia encontra sua realização em Jesus, o Cristo, filho de Davi, por meio de São José.
O plano divino se cumpre através de um carpinteiro de coração puro e mãos calejadas, que acolhe o mistério da encarnação do Verbo Divino com fé e coragem. Mesmo sendo de idade, José não hesitou em enfrentar todos os desafios que a sua missão exigia, como o fato de viajar uma longa jornada até o Egito com sua família e ali precisar refazer a vida numa terra estrangeira, sem conhecer a língua local nem a cultura.
Seu exemplo de coragem nos remete ao drama de tantas famílias de imigrantes que atualmente se veem obrigadas a fugir de seus países por causa de guerras e outras tantas calamidades, muitas das quais são o resultado do egoísmo humano e da falta de amor.
O Salmo 88 canta a fidelidade do Senhor: “Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor!” A vida de São José dá testemunho dessa fidelidade divina. Sua vida foi um cântico silencioso de confiança, um hino de obediência à voz de Deus, uma melodia de amor que ecoa através dos tempos.
Por seu exemplo, nós também somos chamados a transformar nossas vidas em um cântico de amor e obediência a Deus.
Na Carta aos Romanos, São Paulo nos lembra que a promessa de Deus se realiza pela fé. José viveu essa fé com uma beleza singular. Ele não precisou de milagres grandiosos para crer, nem da garantia das riquezas, ou do prestigio social. Para ele, a palavra de Deus bastava. Ele sonhou os sonhos de Deus e, ao despertar, os transformou em realidade.
São José foi um homem de sonhos. Mas seus sonhos não eram meras ilusões humanas; eram sonhos inspirados por Deus. Em todas as vezes que o Senhor falou a José em
sonhos, José obedeceu sem hesitar. Como nos diz a música de Eugênio Jorge, ele foi um “escravo da promessa”, feito para amar até o fim. E, de fato, ele viveu esse amor com Maria e Jesus, e por isso foi feliz.
O Evangelho de Mateus nos apresenta José diante de um mistério: Maria, sua amada, espera um filho. Mas antes de qualquer precipitação, ele decide agir com justiça e
misericórdia. E é então que Deus, no silêncio da noite, fala a seu servo fiel: “José, filho de Davi, não tenhas medo de
receber Maria como tua esposa, porque o que nela foi
gerado vem do Espírito Santo.” E ao amanhecer, sem
questionar, sem hesitar, José faz exatamente o que o anjo lhe ordenou.
“Não tenhas medo de receber Maria”, disse o anjo a José, por isso a vida de São José nos ensina a amar e a ter devoção a Nossa Senhora. Ele nos ensina a confiar em Deus e a receber Maria em nossas vidas, assim como ele a recebeu.
A genealogia de Jesus, que precede esse Evangelho, menciona diversas situações de adoção filial e alianças improváveis. Isso nos prepara para entender que a Sagrada Família de Maria, José e Jesus não é constituída de modo convencional, mas pela vontade soberana de Deus.
Eis aqui o segredo de José: ele não discute com Deus, ele escuta. Ele não impõe suas vontades, ele se entrega. Ele não busca sua glória, mas a glória de Deus. É esse coração dócil e forte que faz dele o pai terreno do Salvador.
A Bíblia nos apresenta, no livro do Genesis, a figura do Patriarca José, filho de Jacó, vendido pelos irmãos como
escravo e que se tornou governador do Egito. Quando a fome
assolou a terra, o faraó disse ao povo: “Ide a José, fazei tudo o que ele vos disser”. Hoje, a Igreja toma o patriarca como figura bíblica de São José e nos diz a mesma coisa: Ide a José!
Porque ele é o provedor da casa de Deus, o guardião dos necessitados, o patrono da Igreja. Assim como cuidou de
Jesus, ele cuida de cada um de nós, pois somos Corpo Místico de Cristo.
São José é o homem do silêncio. Nenhuma palavra sua ficou registrada, mas sua vida inteira foi uma prece. No seu
silêncio, ele escutou a Deus. No seu silêncio, ele amou sem medidas. No seu silêncio, ele serviu sem buscar
recompensas. Ele é o homem do trabalho, pois os Evangelhos
nos dizem que Jesus era conhecido como “o filho do carpinteiro”. Ele ensinou seu ofício a Jesus e nos mostra a dignidade do trabalho humano. O Filho de Deus aprendeu com José a paciência de construir com as mãos, e a beleza daquilo que é feito com amor.
Mas acima de tudo, São José é o homem justo. E ser justo, na Escritura, significa viver segundo o coração de Deus. Ele não buscou grandezas, mas foi grande. Não procurou
reconhecimento, mas é lembrado por toda a eternidade. Seu heroísmo não esteve na fama e no prestígio, mas na
fidelidade cotidiana de quem ama e protege.
Que mistério tão belo! O maior dos santos depois de Maria não foi sacerdote, não foi doutor da Igreja, não foi rei. Foi um pai de família. Um homem simples, que encontrou a santidade não no extraordinário, mas no ordinário feito com amor. Ele nos ensina que a santidade está na casa, no
trabalho, no cuidado com aqueles que Deus nos confia.
Ao final de sua vida, José deixou um legado que jamais se apagará: o exemplo de um pai fiel, de um esposo amoroso, de um servo obediente. E como guardião da Sagrada Família, ele continua sendo o guardião da Igreja e de cada um de nós.
Como Igreja, Corpo Místico de Cristo, estamos sob seu
patrocínio e sua proteção. Que possamos recorrer a ele com confiança, pois somos todos seus filhos. Que nossas casas sejam como Belém e Nazaré, onde Jesus e Maria sempre
estão presentes e são o centro de nosso amor e atenção. E que nossos corações sejam como o de José: cheios de fé, de amor e de prontidão para fazer a vontade de Deus.
Rogai por nós, São José, nosso pai e protetor!
Rogai por nós, coluna santa de esplendor e pureza que adorna o templo da Igreja Santa de Deus!
Rogai por nós, servo prudente e fiel que o Senhor colocou sobre sua casa!
José Operário, José da Boa Esperança, José tão pequeno, e mesmo assim tão grande!
Que possamos viver e amar segundo o teu exemplo para colher um dia nas alegrias celestiais o tesouro que cuidastes com a tua vida, o teu amado filho divino.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!