O Bispo referencial para Comissão Regional Pastoral para a Ação Sociotransformadora do NE2 CNBB e auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Limacêdo Antonio da Silva, está participando do encontro que vem acontecendo nos dias 05 e 06/11. A iniciativa é promovida pela Diocese de Floresta, com o apoio da Comissão Regional Pastoral para a Ação Sociotransformadora do NE2 CNBB. O encontro tem como tema central “O Rio São Francisco e suas energias: impactos e desafios”. Conforme explica dom Limacêdo, o objetivo do evento que reúne bispos do Regional Nordeste 2 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) é dar voz aos vários segmentos sociais e conhecer os argumentos, contrários e favoráveis à instalação de uma usina nuclear na região. Dom Limacêdo destaca ainda que a maior preocupação da Igreja é a solidariedade com toda a criatura e com toda a Natureza, e da vida de fé como instrumento do amor de Deus com todas as criaturas. “O povo de Itacuruba e da região é um povo muito sofrido com promessas que foram feitas e não foram cumpridas. Este povo não foi consultado sobre este megaempreendimento”, salienta o bispo referencial da Comissão Pastoral para a Ação Sociotransformadora do NE2 CNBB.
O encontro possibilitou que a população local escute vários especialistas, além de lideranças indígenas, descendentes de quilombolas e outras comunidades da região que vivem da pesca e da agricultura, bem como outros segmentos que podem ser impactados por um empreendimento desta magnitude.
A programação teve início na manhã de 05/11, com a realização de encontro aberto ao público, na igreja matriz de Itacuruba, com a participação de bispos, lideranças locais e de moradores de cidades circunvizinhas, que expressaram suas preocupações e opiniões, em sua maioria contrárias à instalação da usina nuclear no Sertão.
Um dos momentos de maior significado foi a participação dos povos indígenas, especialmente do Povo Pankará de Itacuruba, do Serrote dos Campos, que expressou com as Toantes do Toré e nas falas das lideranças, seu posicionamento contrário à instalação da usina. Na parte da tarde, no Centro de Formação da Diocese de Floresta, aconteceu a programação de palestras e debates sobre a importância do Rio São Francisco para o nordeste e para a região, os impactos de ações governamentais anteriores e as consequências de uma usina nuclear no Sertão.
Nesta quarta-feira, 06/11,o ciclo de palestras e debates prosseguiu, abordando a realidade histórica de Itacuruba e articulou as próximas iniciativas a serem encaminhadas, no sentido de proporcionar a conscientização sobre os riscos e consequências de empreendimento nuclear às margens do Rio São Francisco. Iniciamos nossos trabalhos conversando com os moradores. Dom Limacêdo informa que, como resultado do encontro, foi redigida uma carta aprovada entre os participantes do encontro, datada de 06/11/2019, a Carta de Floresta. Todo o encontro é promovido pela Diocese de Floresta, em conjunto com a Comissão Regional Pastoral para a Ação Sociotransformadora do NE2 da CNBB.
Vale salientar que na Carta Encíclica Laudato Si, de 2015, o Papa Francisco aconselha a Igreja Católica a discutir com a sociedade os temas de interesse de nossa “Casa Comum”, como diz o texto. “Quando surgem eventuais riscos para o meio ambiente que afetam o bem comum presente e futuro, esta situação exige que as decisões sejam baseadas num confronto entre riscos e benefícios previsíveis para cada opção alternativa possível”.
(Pascom Arquidiocese de Olinda e Recife, com informações do blog TV Raízes e Notícias)