O Recife está cada vez mais iluminado com as pequenas e encantadoras luzes que estão sendo acesas, dizendo a todos que é Natal. Mesmo àqueles que não o celebram o Natal como nós, cristãos, que lembramos o nascimento do Filho de Deus na carne humana, unindo terra e céus, o Natal é deslumbrante e muito alegre. No Capibaribe, uma linda árvore proclama a toda a cidade que é Natal, que é tempo de alegria: confraternizações, presentes, ceias, árvores, Papai Noel, presépios. No entanto, nosso Natal é mais, muito mais que isso.
Depois de 25 de dezembro, veremos luzes e decorações ainda por alguns dias. Logo mais, aquele clima de alegria perderá a cena e o comércio colocará nova decoração. E o Natal?! Acabou-se?! Apenas daqui a um ano?! Jamais! Não são as luzes que fazem o Natal, mas é o Natal que dá sentido às luzes. O Natal é permanente porque Deus não desiste nunca de nós e a alegria não pode jamais sair de cena. Passa o Natal, permanece Deus conosco e permanece nossa missão de prolongar as alegrias do Natal, levando-a a todos os que sofrem a tristeza de uma vida ameaçada pelo desânimo e pelo desespero. Somos discípulos de Emanuel e seus missionários. Não poderemos viver a plena alegria enquanto houver tristeza dominando a saúde e a educação, os relacionamentos familiares e a sociedade atual.
As luzes que nós acendemos no Natal não podem ser apagadas, nunca mais. Nasceu o Filho de Deus para que a esperança nunca mais nos abandone. Deus visitou nosso mundo e permanece conosco em todas as histórias que escrevemos. É ele que nos procura antes de o buscarmos; acredita em nós mais do que nós acreditamos nele. Por isso, uma das alegrias do Natal é não desistir jamais de viver a presença de Jesus entre nós. Uma presença adorável, ao mesmo tempo incômoda porque não deixa nunca de nos questionar, perguntando se nossas alegrias estão sendo solidárias às tristezas dos que não têm o que comer e nada a comemorar neste Natal. Jesus pergunta se nossas alegrias não devem olhar para os sofrimentos que angustiam o Recife, nas emergências dos hospitais da rede pública de saúde, como inspirou a Campanha da Fraternidade.
A coragem de olhar para as tristezas do Recife, de nosso povo, de nossa gente, longe de apavorar-nos e acovardar-nos, alegra-nos, porque sentimos que podemos fazer algo, por pouco que seja. Na liturgia do III Domingo do Advento, quando perguntam a João, precursor de Cristo, o que devem fazer, o Batista diz que eles façam o óbvio: partilhem o pão, vistam os nus, sejam solidários aos pobres, reneguem a ambição e sejam agradecidos. Pequenas atitudes também têm grandes consequências e fazem transformações significativas. Por isso, também na liturgia do Natal nós encontramos os anjos dizendo aos pastores que não tenham medo. O medo nos paralisa e mente absurdamente para nós. Antes do combate, já somos fracassados, assim o medo nos inspira.
Nasce o Filho de Deus, celebramos seu Natal e acolhemos sua participação na família humana. A alegria de um é a glória de todos e a tristeza de um é partilhada pelos demais. Celebremos o Natal acendendo luzes que não se apaguem, começando por nós.
Pe. Luciano Brito
Presidente da Comissão Arquidiocesana de Pastoral
para a Comunicação Social