A comunidade paroquial da igreja da Torre comemora, hoje (20), às 19 horas, os 70 anos de ordenação sacerdotal do padre Romeu da Fonte. Pároco de Nossa Senhora do Rosário e Santa Luzia há impressionantes 66 anos, o padre completou 95 anos de idade em 13 de maio. É o padre mais longevo em atividade na Arquidiocese de Olinda e Recife. Os arquivos da Paróquia da Torre atestam que ele já realizou 48 mil batizados, mais de 6 mil primeiras comunhões, 6.500 casamentos, 5 mil extremas unções e 16 mil crismas. Padre Romeu celebra a missa em ação de graças por seu aniversário de ordenação junto a padres cujas vidas foram espelhadas na sua.

Padre Romeu nasceu em 13 de maio de 1929 e foi ordenado sacerdote em junho de 1954, pelo arcebispo Dom Antônio de Almeida Morais, na Capela do Seminário de Olinda. Ele passou pelas paróquias de Afogados e Paudalho, até assumir a paróquia Nossa Senhora do Rosário e Santa Luzia, no bairro da Torre, em 1958, onde permanece até hoje. São 66 anos como pároco da Torre, celebrando com zelo a Eucaristia e cuidando de milhares de pessoas à sua volta. O título de monsenhor foi-lhe dado pelo Papa Bento XVI em 2005.

Sobre o padre, um artigo escrito pelo advogado Thiago Duarte Lopes da Cruz foi enviado para a Arquidiocese de Olinda e Recife. O texto mostra o quanto o ministério do monsenhor Romeu da Fonte fez bem – e continua fazendo – a seu rebanho. Respeitada a licença poética, este site reproduz aqui o artigo, desenvolvido para homenagear o sacerdote.

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HOMENAGEM

O saudoso jornalista pernambucano Leonardo Dantas afirmava de modo poético: “Romeu é o meu pastor, nada me faltará”. A partir do reconhecimento destas carinhosas palavras poéticas, é notável constatar o fato de que o Monsenhor Romeu Gusmão da Fonte, que prefere ser chamado de padre Romeu, representa um autêntico pastor de ovelhas segundo a imagem de Jesus, o Bom Pastor. Não é por acaso que o seu lema sacerdotal é: “Animam pro ovibus”. Isto é “a vida pelas ovelhas”. Constata-se facilmente o zelo e carinho que ele possui pelo seu rebanho do bairro da Torre há mais de 60 anos. E, atualmente, com os seus 95 anos, ainda tem vontade de servir as suas ovelhas com afinco e alegria. Basta uma simples observação ao padre Romeu para confirmar que o seu olhar terno, sorriso espontâneo e gestos suaves demonstram um pastor amável e inteiramente comprometido com os seus fiéis.

Este ano de 2024 é de singular relevância, tanto para o padre Romeu, como para as suas ovelhas, pois, o mesmo completa 95 anos no dia 13 de maio e, 70 anos de sacerdócio em 20 de junho. É notável, portanto que, a sua vida sacerdotal é profícua. Não é a toa que o padre Romeu é capaz de contagiar inúmeras pessoas, não apenas do bairro da Torre, mas de variados recantos do Recife. Desse modo, é muito comum ouvirmos na sociedade recifense inteira frases do tipo: “Eu e meus pais fomos batizado por padre Romeu”, “meus pais foram casados pelo padre Romeu”, eu fui crismado pelo padre Romeu”.  Ressalto que eu tive a imensa benção e sorte de ter sido batizado pelo padre Romeu e, além disso, deste ter acompanhado, juntamente com Dom Fernando Saburido a celebração da minha Crisma. Saliento que, mais importante do que tudo disso, é o fato de eu ter vivenciado desde a minha infância o seu trabalho pastoral. Quando eu era criança, já me sentia atraído pela vida sacerdotal do padre Romeu. Lembro-me do momento da paz durante a Santa Missa, no qual as crianças iam ao presbitério dar um abraço nele. Recordo que eu gostava imensamente deste momento da missa, no qual eu subia ao presbitério alegremente para receber o abraço de paz do padre Romeu em frente ao Altar. Na minha adolescência, a minha fé em Jesus Cristo era fortalecida pelas suas pregações, celebrações da Santa Missa, adorações ao Santíssimo, composições musicais, devoção a Nossa Senhora e o seu notável zelo com a Eucaristia. De fato, impressionava-me acompanhar a admirável disposição jovial de um padre com mais de 80 anos completamente feliz em exercer o seu ministério sacerdotal. Digo sem medo de exagerar que, eu não seria o católico convicto que atualmente sou, se não fosse pelo sacerdócio do padre Romeu.

É necessário também falar do padre Romeu enquanto um homem educado, gentil, alegre, trabalhador, carismático, simples e admiravelmente sábio. Vale citar também esta menção feita pelo Leonardo Dantas, referindo-se ao nosso pastor na época da sua juventude, nos seus primeiros anos como pároco da Torre: “Era Romeu da Fonte, um padre revolucionário no campo dos costumes…Graças a sua juventude, circulava pilotando uma lambreta (motoneta), tocava acordeão, participava da confraternização de jovens, sendo dado a escrever poesias e compor hinos sacros, irradiando um carisma todo especial no trato com os seus paroquianos”. Além disso, verifica-se facilmente que pe. Romeu sabe lidar bem com todas as dimensões comunitárias do seu rebanho. Crianças, adolescentes, jovens, casais, idosos, ricos e pobres, autoridades políticas e “gente do povo” são bem acolhidos e recepcionados pelo mesmo. O nosso amado sacerdote sabe pregar, ensinar e aconselhar com maestria diante da situação específica do seu grupo de rebanhos. Assim sendo, do mesmo modo que ele brinca com as crianças, sabe aconselhar severamente um adulto em pecado. Por isso que, a sua pessoa e ações manifestam visivelmente o amor do Jesus Bom Pastor pelas suas ovelhas. Reitero estas suas qualidades com este texto que o Bispo da Diocese de Campo Maior, no Piauí, Dom Francisco de Assis Gabriel escreveu sobre o padre Romeu: “É fácil perceber que o Monsenhor Romeu vive intensamente o sacerdócio ministerial da Igreja ao qual foi chamado por Deus desde o sempre. No seu lema “a vida pelas ovelhas”, verifica-se todo o amor que move ao encontro de Cristo e das pessoas. Neste livro “Pensamentos- Monsenhor Romeu Gusmão da Fonte” nos encontramos com um padre feliz, realizado por viver, amar e servir. Assim vive o padre Romeu: Homem simples e discreto. Acolhedor e conselheiro. Orante e profundo. O pregador que encanta com palavras simples, sorriso leve e gestos comedidos. Na celebração eucarística é sacerdote de impecável zelo místico, como apóstolo das vigílias de adoração, prece e louvor; por isso na Missa revela presença Real de Cristo na simplicidade do pão e do vinho. Destaca-se no profundo de sua alma, devoção especial a Santíssima Virgem Maria que, cheia de Graça, nos apresentou a Luz. Sem dúvida, “um dos grandes sacerdotes do nosso tempo” que vai semeando imensurável herança espiritual nas mensagens e composições. Fez-se na sua longa trajetória, poeta da fé vivida no cotidiano marcado pela compaixão às ovelhas, como na lição do Bom Pastor”.

É imprescindível ressaltar que este reconhecimento do formidável pastoreio do padre Romeu significa, antes de tudo, uma homenagem ao Nosso Senhor Jesus Cristo, que é o mais importante pastor de ovelhas. Se eu reconheço na pessoa do padre Romeu um bom pastor, é porque o mesmo espelha o perfeito pastoreio de Jesus Cristo, que foi capaz de sacrificar a sua vida pelas ovelhas. Não é por acaso que a frase do Altar da Paróquia da Torre é uma menção ao Evangelho de São João, cap. 3, 30: “Illum Oported Crescere”. Esta citação em latim indica “O que importa é que Ele cresça”. Tal frase foi dita por São João Batista se referindo a Cristo. Nesse sentido, o trabalho pastoral e evangelizador de padre Romeu possui a clara finalidade de contribuir para o crescimento da mensagem de salvação de Jesus Cristo. Desse modo, quando estamos reverenciando o padre Romeu, inevitavelmente, reconhecemos a grandeza do Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso que, podemos cantar com todo fervor esta belíssima canção: “Meu Padre é Romeu, Romeu, Romeu, meu coração é teu, é teu, é teu. Tu és meu tesouro, presente de ouro que a vida nos deu…” 

Thiago Duarte Lopes da Cruz
Advogado e Mestre em Filosofia