“Não há vida onde se tem a pretensão de pertencer somente a si mesmos e viver como ilhas: nessas atitudes prevalece a morte”, afirmou o Papa ao rezar com os fiéis e peregrinos a oração do Angelus do último domingo, 10/11.
Depois desta peregrinação terrena, o que será da nossa vida? A este quesito existencial, o Papa respondeu em sua alocução dominical, ao comentar o Evangelho do 32º Domingo do Tempo Comum.
De quem será esposa?
No trecho de Lucas (cfr Lc 20,27-38), Jesus oferece um ensinamento sobre a ressurreição dos mortos ao responder a uma pergunta insidiosa dos saduceus, que não acreditavam na ressurreição.
A pergunta faz referência a um caso paradoxal: de quem será esposa, na ressurreição, uma mulher que teve sete maridos sucessivos, todos irmãos entre si, os quais um após o outro morreram?
Jesus, porém, não cai na armadilha e replica que os ressuscitados no além “nem eles se casam nem elas se dão em casamento; e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos, serão filhos de Deus, porque ressuscitaram”.
Com esta resposta, explicou o Papa, antes de tudo Jesus convida os seus interlocutores – e também a nós – a pensar que esta dimensão terrena em que vivemos agora não é a única, mas existe outra, não mais sujeita à morte, em que se manifestará plenamente que somos filhos de Deus.
“ É de grande consolação e esperança ouvir esta palavra simples e clara de Jesus sobre a vida além da morte; é disto de que precisamos no nosso tempo, tão rico de conhecimento sobre o universo, mas tão pobre de sabedoria sobre a vida eterna. ”
O mistério da vida
Por trás da interrogação dos saduceus, prosseguiu Francisco, se esconde outra ainda mais profunda: depois desta peregrinação terrena, o que será da nossa vida?
Jesus responde que a vida pertence a Deus, o qual nos ama a ponto de unir o seu nome ao nosso: é “o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó’. Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele” (vv. 37-38).
“ A vida subsiste onde há relação, comunhão, fraternidade; e é uma vida mais forte do que a morte quando é construída sobre relações verdadeiras e laços de fidelidade. ”
Do contrário, acrescentou o Papa, não há vida onde se tem a pretensão de pertencer somente a si mesmos e viver como ilhas: nessas atitudes prevalece a morte. “É o egoísmo. Eu vivo para mim mesmo: estou semeando morte no meu coração.”
“ Que a Virgem Maria nos ajude a viver todos os dias na perspectiva daquilo que afirmamos no Creio: ‘Creio na ressurreição da carne e na vida eterna’. ”
(Fonte: Vatican News/ Bianca Fraccalvieri)