Com missa celebrada na Capela Nossa Senhora da Graça, localizada no ponto mais alto da cidade de Olinda (PE), fiéis da Arquidiocese de Olinda e Recife renderam graças a Deus pela reabertura do histórico Seminário de Olinda, que estava interditado desde 2015. Na época, problemas na estrutura do prédio colocavam em risco a segurança dos seminaristas. Com a interdição, a formação dos futuros padres passou a acontecer no Centro Pastoral Arquidiocesano, localizado no bairro da Várzea, no Recife. Em 2018, começou a reforma que, aos poucos, recuperou a solidez de que a Arquidiocese precisava para receber de volta seus seminaristas.

Telhado, forro, banheiros, cozinha, refeitório, quartos, parte elétrica, cisterna, fossas, tudo foi recuperado e equipado. O trabalho, que contou com ajuda de recursos públicos e privados, foi acompanhado de perto pelo arcebispo, dom Fernando Saburido. “Foi uma luta grande, mas valeu a pena. Com essa celebração tão bonita, podemos agora repovoar o Seminário de Olinda, dando vida a este prédio histórico”, disse o arcebispo. “Nosso desejo é que o Seminário de Olinda seja uma casa de formação de bons pastores a serviço da Igreja, que pensem nos pobres, que vivam o profetismo, para que a Igreja corresponda à sua missão de anunciar a Boa Nova, e fazer isso, sobretudo, pelo testemunho”.

A missa na capela do Seminário reuniu parte do clero, muitos seminaristas, religiosos e leigos. No presbitério, estava um ex-aluno da casa: dom Genival Saraiva, bispo emérito de Palmares. Em todos, a alegria de ver reaberta a casa multissecular, apontada pelos historiadores como berço da pernambucanidade. Um dos mais entusiasmados era o reitor do Seminário, padre João Bosco Costa Lima. “Eu não posso dizer que o dever já está cumprido, porque esta casa está sempre em movimento, porque o Reino de Deus é dinâmico”, disse o padre. “Por aqui passaram nomes como dom Leme, dom Vital e tantos outros que estão doando sua vida em prol do Reino de Deus. A alegria é enorme, mas a missão, a responsabilidade, sem dúvida alguma, é grande, de formar discípulos e missionários a serviço do Reino”, concluiu.

Para a vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, que participou da cerimônia de reabertura do Seminário, a recuperação de um patrimônio dessa relevância na cidade é uma grande vitória para os cidadãos. “Os principais monumentos de Olinda são as belíssimas igrejas, que refletem um determinado tempo, e de várias formas arquitetônicas, ou seja, é a identidade cultural da cidade, é história e, antes de tudo, fé”, comentou Luciana, que já foi prefeita de Olinda.

O tempo de glória da “Casa de Heróis”, como é conhecido o Seminário de Olinda pela participação de padres e seminaristas na Revolução Pernambucana, renova-se com a chegada de jovens e entusiasmados seminaristas. Ewerton Santana, que cursa o 3º ano de Teologia, vai morar no prédio histórico com seus colegas de turma. “Comecei minha formação quando o Seminário estava instalado na Várzea”, disse o jovem. “Chegar em Olinda é viver a história, é fazer história, e isso me dá grande alegria”, completou.

Na capela dedicada a Nossa Senhora da Graça, o forro novo contrasta com a estrutura original da capelinha construída lá em 1555. Detalhe de uma história que só se conhece pelos livros. Em 1859, o imperador Dom Pedro II visitou o Seminário de Olinda. O servo de Deus Dom Vital preparou-se para o sacerdócio estudando no Seminário nos idos de 1860. A partir de agora, no espaço do passado, vive-se um novo tempo para a formação dos futuros sacerdotes da Igreja.

Pascom AOR