“Deus é amor!” (1 João 4,8) e fez o homem para amar, assim ninguém é feliz sem amar. Deus é Pai e quis que nós fôssemos chamados de pais, para dizer que devemos amar como Ele nos ama. Então, o pai deve entender que ele deve ser para os filhos o que Deus é para nós: uma fonte de amor.
A presença do pai e da mãe é fundamental na vida dos filhos. É a partir deles que se forma a família, instituição básica para o bom desenvolvimento integral da criança. E neste contexto, o pai exerce uma atividade ímpar. Ele é o cabeça do casal, como Cristo é a cabeça da Igreja, disse São Paulo (cf. Ef 5,23). Se a cabeça não funciona bem, o corpo todo sofre.
Exemplo de um verdadeiro pai
O pai é a estabilidade do lar, a segurança da esposa e dos filhos, que esperam dele amor, fidelidade, carinho, proteção e alegria. Quando o pai ama a sua esposa e a respeita, os filhos se sentem também amados e respeitados. Quando os pais se desentendem, quando se ofendem, os filhos ficam inseguros e amedrontados.
André Bergè, um grande pedagogo francês, dizia, em um dos seus livros, que “os defeitos dos pais são os pais dos defeitos dos filhos”; na linguagem popular, quer dizer que “filho de peixe é peixinho”.
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Se, portanto, os nossos defeitos geram os defeitos dos nossos filhos, temos que nos corrigir naquilo que em nós não está correto. Pais nervosos ou ansiosos, raivosos ou pessimistas, transmitem aos filhos esses desequilíbrios.
Se, de um lado, é difícil controlar as emoções e os sentimentos, por outro lado, temos que nos conter diante dos filhos, para que nosso desespero não lhes cause danos.
A paternidade deve ser espelho de Deus
O pai é o primeiro modelo que os filhos têm do próprio Deus, pois Ele é Pai. O pai é o primeiro educador dos filhos; e esta é uma missão que só pode ser bem realizada com amor. Michel Quoist dizia “que não é para si que os homens educam os seus filhos, mas para os outros e para Deus”.
Educar é colaborar com Deus, e é na educação dos filhos que se revelam as virtudes do pai. A educação não pode ser feita pelo medo, já que a educação pelo medo deforma a alma da criança. Educar é uma forma de amar.
Uma criança deseducada, pode ser, amanhã, um adulto infeliz. Educar é formar homens verdadeiramente livres, é dar à alma toda a perfeição possível; e isto é uma missão do pai. O Eclesiástico diz que “o pai que ama seu filho o corrige com frequência” (Eclo 30,2). Mas esta correção não pode ser violenta nem humilhante, senão este pai perde a confiança do seu filho.
Ser pai de corpo e alma
O pai precisa ser presente na vida dos filhos, especialmente na infância. É preciso conquistar o filho para poder educá-lo bem, tanto como cidadão honesto, como um bom cristão. O pai não conquista o filho com o que dá para ele, mas com o que “é” para ele. Não adianta dar muitos presentes e deleites ao filho, se não der a si mesmo a ele. Um pai deve ser presente, atencioso, atento, pois isso faz o filho sentir-se amado, seguro e forte. Não compre presentes caros para ele, dê-lhe a sua presença, o seu abraço, o seu sorriso amigo e fiel.
Um pai ausente da vida dos filhos não poderá educá-los bem. O filho precisa sentir-se amado, e sente isso quando nota que seu pai gasta seu tempo com ele; prefere estar com ele do que se entregar a outras atividades, sobretudo nos finais de semana, nas noites livres e feriados.
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Leve-os a passear, soltar pipas, jogar futebol, nadar, pescar, cavalgar, andar de bicicleta etc… Um amigo, já engenheiro, me dizia que sentia muita falta de seu pai pegá-lo no colo quando ele era criança. Ficou uma carência neste adulto.
Quais recordações você tem do seu pai?
O filho precisa de um pai forte, amigo e companheiro. O filho pode esquecer as palavras do pai, mas não esquece seus exemplos e seu jeito, seu colo. Isso fica para sempre nele.
O pai precisa ser carinhoso com os filhos, mas não deve ter medo de ser firme, pois isso dá segurança ao filho; não pode ser omisso quando o filho erra. Não pode mimar os filhos, mas deixá-los fazer suas atividades por si mesmos, ajudando-os só no essencial. Não pode corrigir os filhos na frente dos outros, pois isso os humilha e causa revolta. Não pode permitir que os filhos formem maus hábitos; ensine e cobre o que é certo.
O pai não pode fazer promessas apressadas que não possa cumprir, porque isso deixa o filho decepcionado. Não pode sufocar os filhos com suas preocupações; eles não têm maturidade para enfrentar qualquer problema. Mas também o pai não pode ser falso com os filhos, deve ser verdadeiro, mesmo que não lhes revele tudo. O pai também não tem que se portar diante dos filhos como se fosse perfeito; eles devem saber que o pai também tem defeitos. E ninguém dá o que não recebeu.
Amar também é errar e pedir perdão
Não deixem os filhos sem respostas para suas perguntas, senão eles deixam de fazê-las, ou podem perguntar a quem não devem. Quando um pai erra com um filho, deve ter a coragem de pedir-lhe perdão, isso não tira a sua autoridade não; o filho vai amá-lo mais ainda por isso.
Não despreze os pequenos problemas dos filhos, isso os ofende. Perceba também que seu filho está sempre crescendo, então, acompanhe seu crescimento; saiba adaptar sua linguagem a ele. Nunca zombe de seu filho e nem seja cínico com ele; respeite-o para ser amado por Ele.
O pai deve ter a sabedoria ao orientar o filho na sua vocação e profissão; não imponha a sua vontade a ele; deixe escolher o seu caminho e o oriente, aconselhe, sem lhe tolher a liberdade.
O pai precisa dar bons conselhos aos filhos, saber elogiá-los quando vão bem, nunca castigá-los injustamente, e ensinar-lhes a pensar, refletir, analisar o que é bom ou mal, sobretudo, hoje, diante de uma mídia avassaladora que rouba os nossos filhos. E não faça todos os desejos de seus filhos para não os estragar. Não lhes dê toda a liberdade que querem, mas a dosem na medida do seu bom comportamento. Ensine-os a usar a liberdade com verdade e responsabilidade.
Cada filho é único
O pai não precisa e não deve gritar com seus filhos; isso os fere e leva-os a gritar também com os outros. Não compare seus filhos com as outras crianças, especialmente com os irmãos, ele se ofende com isso.
Não mude de opinião facilmente por causa da insistência dos filhos, isso lhes mostra fraqueza. Corrija-os com amor. Não minta para os filhos nem peça que eles mintam. Isso faz com que eles não acreditem em você.
Explique-lhes sempre as razões de suas decisões ou castigos impostos a eles. Não peçam a eles que faça uma coisa que você não faz. Esforce-se para compreender seus filhos ainda que seja em coisas insignificantes para você. Saiba dizer a seu filho: “Eu te amo!”. Mostre seu amor a eles, os conheça bem, converse muito com eles e apoie-os sempre.
Ser um pai na vida de um filho e de uma família é ser como Deus: Amor.
Felipe Aquino
Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino
Fonte: cancaonova.com/formacao